Floresta de Hellebæk- photo by Julian Criscione |
18/11/2012
Os trilhos de Hellebaek.
30/10/2012
Beautiful Day
Nos primeiros três dias sozinho com as crianças eu mal sabia o que fazer. Não tinha experiência nenhuma com crianças tão pequenas. Algumas mal sabiam andar direito ainda. Porém com o tempo comecei a ter tanto carinho por ela que sentia como se fossem meus filhos!
E como todo pai (mas nenhum assume) eu tinha um favorito. Era um pequenino que não largava da minha perna. Ele devia ter menos de três anos. Infelizmente não me lembro do seu nome, mas você pode vê-lo no início e final do vídeo abaixo. Segurando minha perna, como sempre.
Esse garotinho era um santo. Não chorava, aliás mal falava (o que era bom já que eu não entendia o idioma deles, Emakuwa), tinha cara de dó e era muito bonzinho. Eu ficava na frente da “sala” explicando a matéria e ele insistia em ficar lá na frente, comigo. E na hora de ir embora seria de se supor que ele choraria e não iria querer ir embora, mas pelo contrário: me dava tchau dizendo “Tatá” (significa “oi” e “tchau” em Emakuwa) e pegava seu rumo, de mão dadas com alguma criança maior. Quem ficava triste era eu!
Na aldeia de Bilibiza, no sudoeste africano, as crianças viviam em condições de partir o coração de qualquer um. As condições de higiene eram propícias para se contrair uma doença a qualquer momento. Alguns deles já não tinham pais, não tinham acesso à água limpa ou comida com nutrientes suficientes. Eu tinha mais medicamentos na minha casa do que o hospital de Bilibiza. O hospital só tinha um médico e duas enfermeiras. As pessoas esperavam horas na fila e não havia sequer Paracetamol. Que dirá algum remédio para tratar a Malária. Nem pensar. As crianças as vezes chegavam na escolinha com a cara muito suja e por isso eu sempre andava com um rolo de lenço no bolso. Um dia o pequenino chegou com o nariz escorrendo, a cara suja e a cabeça vermelha de terra. Provavelmente havia tropeçado e caído no caminho. Eu deixei as crianças brincando e enquanto isso o levei para minha casa. Lavei a cabeça e o rosto dele e o fiz assuar o nariz para limpar. Resolvi dar para ele um brinquedo de Kinder Ovo, que eu tinha num pote. Ele adorou mas foi um erro meu pois assim que retornamos à escolinha todas as outras crianças viram o brinquedo e queriam um também.
I stay a while
29/10/2012
What If...
E assim cometo novamente o erro de achar que tudo poderia ter sido mais fácil, mas simples, ou melhor. Afinal aquelas situações desagradáveis, tropeços, tristezas e similares poderiam não ter acontecido? Será que elas não estavam destinadas a acontecer independentemente da minha escolha? Não são acordos pré-firmados? Eu acredito piamente que sim e por isso sei que estes meus momentos de “E se...” são absolutamente desnecessários.
Até onde a dor é ruim? Ou, melhor ainda: a partir de onde ela é ruim? Não é a dor que nos faz ver as coisas com um olhar mais analítico e cuidadoso? Não é ela que nos torna mais fortes, depois de todos aqueles momentos de lágrimas e/ou desolação? Para onde foi aquela pessoa que muitos diziam que ele vivia num mundo próprio? Levou uns belos tapas na cara e ficou com a face roxa! Os tapas foram para acordá-lo e mostrar que este mundo não é lá tão gentil.
Agora preciso apenas para de pensar “E se..” quando agito meu punho fechado para o céu. Enquanto isso espero por alguém que possa fazer o oposto dos tapas na cara: que venha, dê um tapinha no meu ombro e diga que as pessoas não são tão maldosas assim e que o ser humano é apenas uma raça que age como uma criança mimada.
10/08/2012
O Sonho Acabou!
15/07/2012
Moment of Surrender
Para tornar nossa comunicação melhor, aprendi o idioma dela. Duas vezes por semana eu saia exausto do trabalho as 6 da tarde para apahar o metrô lotado da hora do rush até o bairro do Bom Retiro, para estudar o coreano.
23/09/2010
Disappearing Act (2004)
21/09/2010
No Line on the Horizon
No começo deste ano (2010) retornei ao Brasil após algo tempo viajando. Vivi muito mais nos últimos 3 anos do que em 22 em casa. Conheci inúmeras pessoas, fiz muitos amigos, conheci a pessoa que agora amo. Isso tudo me faz pensar sobre quando eu estava vivêndo a plênitude da infância mas já pensando no futuro, fazendo planos de viajar pelo mundo. Tendo aquele sentimento de ansiedade, com a certeza que algo esperaria por mim lá fora. Será que apenas meu desejo me guiou até aquele exato dia em que embarquei num vôo para longe de casa, rumo ao mundo? Foi tudo um plano ou apenas linhas aleatórias escolhidas corretamente?
São perguntas que deixarei em stand-by até o momento de se obter todas (ou pelo menos várias) respostas.
I have the same dream
I'm hatching some plot
Scheming some scheme"
13/08/2009
Into the Heart
20/02/2009
Fazendo Música pra Surdo!
Morando na Inglaterra você encontra música em praticamento todo lugar. Principalmente em Londres. Andar pela Oxford Street é como andar em qualquer calçadão do Brasil (ok, não qualquer mas boa parte). Logo na primeira quadra há uma loja gigantesca de música chamada HMV onde geralmente está tocando uma das paixões nacionais: Coldplay, Keane, Oasis ou The Beatles. De lá para frente há o som dos rádios baratos das lojinhas de souvenirs e estúdios de tatoos da esquina. Pouco antes do final da rua há outra loja de música, que obviamente toca basicamente... Coldplay. Bom, não é bem aí que quero chegar. Afinal, neste exato momento estou sentado dentro da minha sala de aula, junto a meus colegas, onde o som toca... Coldplay. E olha que já não estou mais na Inglaterra, estou num país próximo. O negócio gira em torno da minha situação musical pois a cada vez que tenho que dar o relatório do meu passado (negro e claro) vem a calhar contar que meu pai teve uma banda e tocou por anos e anos ou que minha mãe ama música e é professora de piano e teclado. Também vem a calhar dizer que meu irmão conseguiu seguir esta linha e construir sua paixão em tocar guitarra. O bixo pega quando me perguntam "E você toca qual instrumento?" Putz! Nenhum, nem mesmo campainha pois sempre quero fazer uma gracinha com a capainha e som acaba ficando horrendo, do tipo:
"Pééééé-pé-péééé-pé"
Meu histórico musical foi o seguinte:
* Participante do coral da escola aos 8 anos
* Estudante de teclado por 3 meses aos 12 anos
* Estudante de teclado por 5 meses aos 13 anos
* Estudante de violão por 3 meses aos 14 anos
E daí para frente múltiplas tentativas frustradas de conquistar a amizade de algum instrumento musical, exemplos: voz, guitarra, teclado, youtube e o interfone do apartamento. A falta de dom é evidente mas mesmo assim nunca venceu a insistencia (teimosia). Quando respondo à pergunta acima as pessoas olham para mim com uma cara como se eu tivesse cometido um crime. Mas quem disse que não tenho algum talento? Estou cada vez mais perto de descobri-lo, pô!
19/02/2009
Entre Laços
Durante minha vida no Brasil as coisas que permanenciam fixas dia-a-dia pareciam se esvanecer ao final da semana e tornarem-se novas ao primeiro momento de certeza. Claro que todos nós sabemos que as coisas são passageiras, mas nunca nos damos conta de que elas poderiam ser mais passageiras se procurássemos tal destino incerto.
As pessoas chegavam à minha vida e eu segurava firme a quem meu espirito batia. Todos nós temos aqueles amigos do colegial, de anos atrás. Ou até mesmo de primário, de séculos atrás. Mas quando você decide abrir mão da corda que te amarra às coisas que chama de valiosas, as pedras se tornam semi-preciosas.
É brincar com o fogo até o fogo brincar com você.
Vim para o exterior com o objetivo de fazer algo de bom. Não para passar a imagem de santo porque de santo me falta muito, mas para cumprir uma de minhas metas na vida. E isto implica em muitas mudanças, é como dar um restart. Você sabe seu nome então pode dar um soco na parede. Ela vai quebrar em um oportuno e inseperado momento.
Estar pronto para conhecer novas pessoas torna todas as imagens que você vê instantâneas e seus olhos se tornam a janela de um trêm em movimento. Estas pessoas surjem como você chegou, com malas à mão e um enorme ponto de interrogação em cima da cabeça. Se aquele ponto de interrogação se encaixa ao meu ponto de exclamação há uma aproximação interessante, uma amizade construtiva de mãos dadas com a toda a lógica e ilógica deste plano doido.
Onde o morro termina e a montanha começa é onde estive, e agora tem muita gente atravessando esta montanha comigo. No momento que deve acontecer, algumas destas pessoas tomam um outro rumo. Ou eu mesmo decido rumar à uma trilha diferente.
Não importa, o destino é sempre o mesmo e a gente se encontra por aí, em algum lugar desta floresta!
10/02/2009
O Último Baile de Garagem
"Pai, por todo lado há música e isto me faz lembrar de você a todo momento.
Assim como John te inspirou você me inspira.
Seu filho, Julian"
19/03/2008
Volta às Raízes
Estou de volta à minha cidade natal, depois de 14 anos. Eu não diria que o sentimento de nostalgia me ronda, afinal esta cidade mudou assustadoramente. Não é mais uma cidadezinha caipira que eu estava acostumado, onde eu não sabia quem as pessoas eram mas todos sabiam quem eu era. Algumas ainda sabem, mas agora há tantas pessoas que vieram de fora que eu mesmo me sinto um visitante.
O motivo de eu ter vindo para cá foi a esperada viajem para a Inglaterra. Sabendo que aqui eu poderia voltar a ter as mordomias de ter almoço na mesa e roupa lavada e ainda sem gastar um centavo, não hesitei.
Bom, meu novo lar foi a casa do meu pai, onde também moram minha avó, minha tio, meu tio e minhas duas primas. Mas como as coisas comigo não ocorrem com normalidade e os lugares onde vivo são sempre excêntricos, meu quarto foi o cômodo que estava vago, o quartinho do lado de fora da casa onde até o momento estava sendo usado de depósito (de tranqueiras e móveis velhos). Na verdade não se pode dizer que "estava", pois ainda é usado para este fim. O que consegui fazer foi amontoar as caixas e tranqueiras num canto do quarto, e ficou assim até o teto. Nesta montanha de coisas você encontra desde tapetes enrolados até quadros de casamentos, forninhos de acampamento, gravadores antigos, baralhos milenares, ferramentas estranhas malas estampadas de xadrez, violão ganho pela minha tia nos anos 70 e até jornais datados anos 90, 80, 70 e possivelmente 60. Todos estes objetos reunidos me gerou a preocupação de abrigar família de baratas, ou um grupo mais populoso. Bom, o que aconteceu até agora foi que só ouvi barulhos vindos da montanha de tranqueiras, mas ver mesmo não ví nada. E espero não ver.
Mas é engraçado saber que neste mesmo quarto meu pai viveu quando tinha minha idade (mais de 30 anos atrás), e posteriormente outros membros da família também habitaram aqui. Mas eu mesmo nunca imaginei que viveria sob este teto, principalmente agora, com as goteiras.
Logo nas primeiras noites choveu, choveu muito. Eu tinha sido informado sobre as goteiras mas não pensei que fosse tão grave. Acordei no meio da noite com a goteira bem do meu lado, e a gota ao pingar no chão respingava na minha cara. Um belo modo de acordar alguém, claro. Lá fui eu cobrir a TV (a salvando da morte certa) , arrastar o colchão e pegar um balde. Mas notei que havia outra goteira no outro canto do quarto, próximo ao PC. Arrastar móveis velhos e mais balde. Vou me deitar e começo a ouvir pingos, agora em cima das sacolas, no outro canto do quarto.
E minha sina é arrastar móveis e colocar balde ou panela, parecia desenho do Pica-Pau.
Mas morar aqui é bom, tem speedy, gente pra conversar, comida, roupa lavada... nada melhor que umas férias antes de ir penar na terra da Rainha!
15/03/2008
Sometimes You Can Make It On Your Own.
A noite de 14 de Março não correu como eu esperava claro. Se tivesse, o blog não teria tanta graça.
14/03/2008
Parabéns Para Mim!
Engraçado que quando posto com freqüência, reclamo da falta de atividade ao meu redor. Que nada acontece e que a rotina impera. Mas quando coisas começam a acontecer não sobra tempo para escrever a respeito disso no blog, e nem mesmo sobra calmaria na mente, principalmente na minha. Tudo fica bagunçado e um turbilhão de pensamentos me impede de pegar no sono à noite.
Hoje é meu aniversário... Não que seja algo que traga muita animação, mas traz um ano a mais de percurso. Vinte e três, para ser mais exato. Não sou daqueles traumatizados que detestam o próprio aniversário, mas posso afirmar que ainda estou esperando um 14 de março legal, espero que seja este, pois no último eu chamei praticamente todas as pessoas que conheço para celebrarem comigo num bar mas o desfecho foi típico de filme de comédia, eu sentado na mesa sozinho até aparecer apenas uma das vinte pessoas que chamei. Mas foi bom, tentei me animar, afinal era uma amiga que conheci quando eu ainda borrava as calças, dormia com ursinho e chupava o dedo. Não que o tempo seja algo tão relevante, afinal minha própria mãe me conhece há quase 23 anos e não apareceu naquela noite.
13/02/2008
When You Were Young
Segue um trecho da carta da minha mãe: "Estou enviando o Diarinho (jornal) a vocês. O Julian escreveu pra lá, mandou uma história em quadrinhos que ele desenhou, me encheu o saco pra por no Correio, e não é que publicaram a carta dele? Ele é tão surtudo que quando foi comprar o jornal no sábado, tinha uma fotógrafa do Diário do Povo na banca e até o ajudou a procurar a carta dele. Ela falou para ele escrever mais vezes e mandar uma foto pra sair no Diarinho. Até a historinha do Cebolinha que ele pediu, publicaram..."
Mas o mais surpreendente foi ver o modo de pensar de cada um na época, assim descobri coisas que passavam em branco naqueles dias. Minha mãe contando sobre umas fotos 3X4 que tiramos, eu e meu irmão, com camisas que insistimos para ela comprar (horríveis!). A preocupação com nossas amizades, com o fato de ficarmos presos no apartamento cheios de energia dos 10, 11 anos....
Outro trecho da minha mãe, demostrando um típico problema familiar: "... Acabei de levar o Ju na escola e infelizmente colocaram ele de manhã. Vou ver se consigo trocar para a tarde, senão minha vida vai ser um rolo! Isto aqui vai virar um hotel com 3 horários de almoço: o do Fernando (meu pai), do Julian e do Cristian (meu irmão)..."
Me bateu uma tristeza por entender o que éramos e o que nos tornamos.
03/02/2008
A Partida
Há algo lá fora que preciso muito
A visão de um som,
ou o toque de um cheiro
Ou a força de uma árvore,
com raízes profundas ao chão.
depois surgindo e crescendo
ao Sol, de novo
Voar ao Sol sem queimar as asas
Pra deitar no solo e ouvir a grama cantar
Para ter todas estas coisas...
na nossa curta memória
Para usar isto
Para ajudar
Para encontrar...
21/01/2008
A Day In The Life
03/01/2008
Quando Eu Olho Para Mim
Quando você olha para mim
29/12/2007
Esperar
Balanço de Estoque
Pra muita gente isso significa pouco, a passagem de ano não é nada além de uma troca de números. Pra mim também, afinal não se pode colocar as mudanças necessárias a cargo da virada de ano. Estas mudanças ocorrem, pelo menos comigo, a todo momento. Em qualquer mês.
Mas o início de um novo ano pra mim é uma renovação, sim. Um balanço seguido de um upgrade. E para aqueles que desacreditam em mudança, basta ler a frase que mantém meu blog em pé. “Nós devemos nos tornar a mudança que queremos ver no mundo” e está explicado! Eu não me considero uma pessoa muito boa. Eu era bom quando criança. Com o tempo meu foco foi desviando do que era real para se acostumar com o que era vantajoso, mas não propriamente positivo. Posso estar exagerando, mas isso tem me incomodado. Acho que em nenhum outro ano eu briguei tanto com as pessoas como neste. Mas penso que tem o outro lado, estou mais crítico, rejeitando cada vez mais injustiças e com isso tento aprender.
Afinal, a vida é um aprendizado constante. Com isso teríamos que ser cada vez pessoas melhores, à medida que envelhecemos, quando o que ocorre é o contrário. Eu quero entender estas coisas pra poder melhorar a mim mesmo.
Então, nada melhor que aproveitar essa época de renovação pra fazer uma reforma interior. Eu estou precisando muito disto! Um balanço seguido de uma faxina mental.
Em 2007 eu decidi começar o planejamento de um novo rumo pra minha vida, que iniciará no dia 14 de Abril de 2008. Também consegui algumas mudanças emocionais (lê-se: não se apaixonar), isso me poupou de muitas decepções. Mas não me poupou de decepções ligadas a amizades e a família. Quanto a isso não há o que se fazer, penso eu.
Infelizmente não posso dizer que 2007 foi um ano bom. As coisas ruins superaram as boas. E muitas delas foram causadas por mim mesmo. Colocar a emoção acima de tudo não é uma decisão sábia, estejam certos disto. Mas eu ainda aprendo...
Eu estava lendo meu balanço do ano de 2006 e não pude deixar de notar quanta esperança estava presente, tentando manter a mesma energia que terminei aquele ano. 2006 foi um ano, sem dúvida, muito melhor. Muita coisa era constante e foi perdido. Amizade, família, moradia, alegria.
Porém, este balanço de 2007 que soa um tanto negativo não deixa de abrir os braços e esperar um ano muito melhor. Com mais alegria presente, mais amor presente, mais pessoas boas presentes e mais compreensão presente.
Lá vamos nós de novo!