18/11/2012

Os trilhos de Hellebaek.

Floresta de Hellebæk- photo by Julian Criscione

   Eu estou sempre a me perguntar de quais formas as pessoas escapam da bagunça do mundo, quando se sentem sufocadas. Eu as vejo fazendo isso das mais variadas formas. Algumas buscam esse escape se divertindo a noite toda na balada. Outros, na prática de algum esporte. Alguns o fazem consumindo drogas, outros com meditação e há os que buscam a fuga do mundo caótico na lavagem-cerebral distração da TV. Eu tenho uma origem um tanto quanto peculiar e isso resultou no desenvolvimento de uma mente criativa e imaginativa. Eu sempre tive um mundinho próprio dentro de mim. Sabe aquela famosa frase "você acha que o mundo gira ao seu redor?'. Bom, no meu caso eu acho sim. O meu mundo gira sim ao meu redor e de acordo com os pilares de lembranças e situações.

   Na época que eu morava em Hellebæk, na Dinamarca, trabalhava e morava num internato para crianças e adolescentes com problemas sociais. Além de ter que lidar com as situações de resoluções de conflitos destas crianças eu tinha que lidar com a pressão da arrecadação de dinheiro para o meu projeto na Africa, cobrança de superiores e etc.

   Ao lado da escola havia uma grande floresta. Em cada estação do ano ela adquiria uma tonalidade de grande beleza. O período do inverno era meu favorito. Um manto branco de neve caia sob toda a vegetação, o lago congelava e você podia andar sob ele. O frio fazia com que os pássaros e animais se escondessem em seus lares em busca de aquecimento e conforto, e com isso o silêncio pairava sob o lugar. Os trilhos do trem sobressaíam sob o chão branco, ganhando destaque. Parecia uma carta em branco estendida sob o chão por quilômetros a perder de vista. O pequeno cemitério que pareciam ter saído de um filme do Tim Burton não poderia colocar medo em pessoal alguma, pois as flores que lutavam contra o frio congelante insistiam em mostrar suas cores sob os caminhos cobertos de neve. Aquela era minha fuga. Quando eu sentia que o mundo estava a querer colocar barras à minha volta, eu procurava a liberdade na natureza e naquela floresta. A paz que ela me proporcionava era transcendente.
   Eu sempre gostei de estar na natureza. E aquele período em Hellebæk me fez desenvolver ainda mais esta minha relação com a palavra liberdade. Meses depois, quando vivi na África, tive a grande chance de saborear ainda mais estes momentos na natureza aberta.

30/10/2012

Beautiful Day

E lá estava eu pronto para mais um dia. Era ainda cedo porém o sol já queimava sob toda a África e invadia a janela do meu quarto. Tomei uma xícara de café, peguei meu material e abri a porta da frente da casa. Eu já podia ver as crianças todas na escolinha, a cerca de 50 metros da minha casa. Elas provavelmente tinham uma visão melhor que a minha pois de súbito já começavam a gritar “Titio! Titio!”.
Aquela escolinha era de propriedade nossa, Instrutores de Desenvolvimento. Cada um de nós fez um up-grade nela usando nosso próprio dinheiro já que a ONG insistia em ignorar a existência da escolinha e das crianças.
Fui andando em direção à escolinha porém as crianças não esperavam! Corriam em minha direção e me acompanhavam segurando minhas mãos. Disputavam e brigavam para ver quem seguraria minhas mãos e as que não conseguiam simplesmente seguravam na barra da minha bermuda.
            Nos primeiros três dias sozinho com as crianças eu mal sabia o que fazer. Não tinha experiência nenhuma com crianças tão pequenas. Algumas mal sabiam andar direito ainda. Porém com o tempo comecei a ter tanto carinho por ela que sentia como se fossem meus filhos!
            E como todo pai (mas nenhum assume) eu tinha um favorito. Era um pequenino que não largava da minha perna. Ele devia ter menos de três anos. Infelizmente não me lembro do seu nome, mas você pode vê-lo no início e final do vídeo abaixo. Segurando minha perna, como sempre.


            Esse garotinho era um santo. Não chorava, aliás mal falava (o que era bom já que eu não entendia o idioma deles, Emakuwa), tinha cara de dó e era muito bonzinho. Eu ficava na frente da “sala” explicando a matéria e ele insistia em ficar lá na frente, comigo. E na hora de ir embora seria de se supor que ele choraria e não iria querer ir embora, mas pelo contrário: me dava tchau dizendo “Tatá” (significa “oi” e “tchau” em Emakuwa) e pegava seu rumo, de mão dadas com alguma criança maior. Quem ficava triste era eu!

Na aldeia de Bilibiza, no sudoeste africano, as crianças viviam em condições de partir o coração de qualquer um. As condições de higiene eram propícias para se contrair uma doença a qualquer momento. Alguns deles já não tinham pais, não tinham acesso à água limpa ou comida com nutrientes suficientes. Eu tinha mais medicamentos na minha casa do que o hospital de Bilibiza. O hospital só tinha um médico e duas enfermeiras. As pessoas esperavam horas na fila e não havia sequer Paracetamol. Que dirá algum remédio para tratar a Malária. Nem pensar. As crianças as vezes chegavam na escolinha com a cara muito suja e por isso eu sempre andava com um rolo de lenço no bolso. Um dia o pequenino chegou com o nariz escorrendo, a cara suja e a cabeça vermelha de terra. Provavelmente havia tropeçado e caído no caminho. Eu deixei as crianças brincando e enquanto isso o levei para minha casa. Lavei a cabeça e o rosto dele e o fiz assuar o nariz para limpar. Resolvi dar para ele um brinquedo de Kinder Ovo, que eu tinha num pote. Ele adorou mas foi um erro meu pois assim que retornamos à escolinha todas as outras crianças viram o brinquedo e queriam um também.
Pouco antes da minha partida de Bilibiza, 4 meses depois, eu já sentia pela perda daquelas crianças e do pequenino. Eu queria que elas jamais se esquecessem de mim. No dia da minha despedida comprei suco, pirulitos e montei um daqueles saquinhos de festa de aniversário com o pirulito, balas e um brinquedo de Kinder Ovo dentro. O pequenino não estava lá. Pela tarde fui à aldeia saber sobre ele. Perguntei para as pessoas e me deram direções até onde ele vivia. Cheguei lá com algumas sacolas com arroz, legumes, farinha de mandioca e uma galinha (viva). Encontrei a mãe na parte de trás da casa, ela preparava pão. Apresentei-me e ela não entendeu uma só palavra. Nisso eu já estava rodeado de crianças curiosas. Entreguei o presente a ela e falei que era o “titio” e perguntei pelo nome de seu filho. Duas das crianças foram buscá-la. Voltaram com o pequenino e ele parecia muito contente em me ver, mas tímido. Sentei-me no chão e mostrei a câmera fotográfica para as crianças e elas abriram um sorriso enorme, pois adoravam ver coisas tecnológicas. Mostrei meu MP3 para meu pequeno aluno e logo ele se debruçou sob mim se rendendo à curiosidade. Mostrei para ele algumas músicas e sons do aparelho e ele parecia muito feliz. Tirei algumas fotos (que perdi depois) e disse que ia embora. Aí sim ele se pôs a chorar muito. As outras crianças tiveram que segurá-lo enquanto eu partia (diga-se de passagem, também chorando).
Foi um dia triste, mas inesquecível. Encontrei meu assistente pelo caminho de volta. Ele me auxiliava na escolinha trazendo as crianças todas as manhãs e traduzindo o que eu precisasse falar para elas. Ele viu minha tristeza e me disse que aquelas crianças nunca iriam se esquecer de mim. Aquilo me deixou muito emocionado. Todo o caminho que percorri nos últimos anos se resumia àquele momento. Eu queria muito ir para a África para fazer a diferença na vida de algumas crianças. Eu queria trabalhar com crianças. Eu precisava daquele desafio e considero que venci. Aquele menino era para mim o símbolo do meu aprendizado com toda aquela experiência. Eu aprendi mais com ele do que ele comigo.
E a jornada continua, sempre....


"Into the heart of a child
I stay a while
But I can go there.

Into the heart of a child
I can smile
I can go there.

Into the heart, into the heart of a child
I can go back
I can stay awhile.
Into the heart."
Into the Heart - U2 (1981)

29/10/2012

What If...


                Em certos momentos me pego pensando “E se...”. É aí que crio um verdadeiro universo paralelo com a história que forma na minha cabeça com todas as conseqüências daquele caminho que não tomei, daquela opção que não escolhi.
                E assim cometo novamente o erro de achar que tudo poderia ter sido mais fácil, mas simples, ou melhor. Afinal aquelas situações desagradáveis, tropeços, tristezas e similares poderiam não ter acontecido? Será que elas não estavam destinadas a acontecer independentemente da minha escolha? Não são acordos pré-firmados? Eu acredito piamente que sim e por isso sei que estes meus momentos de “E se...” são absolutamente desnecessários.

                Até onde a dor é ruim? Ou, melhor ainda: a partir de onde ela é ruim? Não é a dor que nos faz ver as coisas com um olhar mais analítico e cuidadoso? Não é ela que nos torna mais fortes, depois de todos aqueles momentos de lágrimas e/ou desolação? Para onde foi aquela pessoa que muitos diziam que ele vivia num mundo próprio? Levou uns belos tapas na cara e ficou com a face roxa! Os tapas foram para acordá-lo e mostrar que este mundo não é lá tão gentil.

                Agora preciso apenas para de pensar “E se..” quando agito meu punho fechado para o céu. Enquanto isso espero por alguém que possa fazer o oposto dos tapas na cara: que venha, dê um tapinha no meu ombro e diga que as pessoas não são tão maldosas assim e que o ser humano é apenas uma raça que age como uma criança mimada.

10/08/2012

O Sonho Acabou!




















 O ser humano é um bicho engraçado. Ama, odeia, elogia, xinga, faz o bem, faz o mal, é curioso, é orgulhoso, é apto ao esforço mental mas apela ao apelo físico puramente por aceitação social. E a gente adora idolatrar inconscientemente as musas e "musos" que idealizamos. Se por acaso encontramos álguem que se assemelhe àquela concepção de ideal, agarramos com toda a força dos braços chamando de MINHA ou MEU. E sermos chamados da mesma maneira nos dá aquele prazer enorme, aquela sensação de estar completo.

   Mas por que vivemos acreditando que temos uma peça faltando? Por que se estamos com a pessoa que ilusóriamente amamos dizemos que estamos completos? Quando solteiros éramos incompletos? A vida na sociedade moderna é baseada na imagem e nas mensagens que as imagens nos passam. Eu, assim como o resto do mundo, sou também vítima de tal pensamento bobo "Puxa, preciso encontrar aquela que me complete!". Estou na condição de ser humano, não estou? Então estou sujeito a tais influências sociais que me fazem pensar assim.

     Porém, os breves momentos de real lucidez me trazem à tona questões como a mencionada acima. Por que sempre nos rebaixamos? Por que acreditamos que somos menos do que completos? Por que eu vivo dia após dia esperançoso por encontrar álguem do qual me complete e eu possa a completar? Por que não estar apto à cruzar o caminho de um novo amor ao invés de buscá-lo?

   Preciso praticar um certo auto-ensinamento: estar com álguem deve significar compartilhar o que está completo, e não ser completado; deve significar ensinar e aprender e não idolatrar o ego cheio de orgulho baseado em falsas concepções de beleza. A beleza da alma se esconde. E olha... ela se esconde muito bem! Para não se permitir ser encontrada por quem não tenha forças o suficiente para procurar em cada centímetro de palavras ditas, escritas, pegadas deixadas, ações realizadas e pensamentos orbitados. Quem realmente ama tem força de vontade de sobra para encontrar a beleza da alma nas coisas mencionadas acima. Tem paciência ampla o suficiente para não tirar conclusões incompletas tidas como perfeição idealizada. O olhar tido como revelador é meramente uma fresta aberta. Aquele que realmente encontra revelações no olhar da pessoa amada só as encontra de fato após a igualmente paciente e persistente busca. Entender a língua dos sinais do coração de alguem é como aprender um idioma raro, uma língua morta. Sendo apenas permitido o aprendizado após ter vivenciado certas experiências, ou tendo um coração analítico e consideravelmente próximo de ser puro.

   Aprender a língua do coração é uma verdadeira vitória, tendo como recompensa o amor honesto e gratificante.

   Estarei eu pronto para tal? Terei eu a chance de fazê-lo durante minha existência sob este solo tortuoso?

15/07/2012

Moment of Surrender


Eu tinha planos. Minha vida estava caminhando bem. Eu estava contente. Mas carregado de mágoas do passado das quais nunca tinha lidado. Perdas que nunca tinha superado. Eu buscava aquele turbo para minha auto-estima e minha auto-aceitação. Eu acreditava que para eu me aceitar eu precisava encontrar alguém que me aceitasse antes. Ou seja, eu estava ferrado. E quando estamos bem, encontramos alguém que está bem. Quando estamos ferrados encontramos alguém tão ferrado quanto. Eu a encontrei, uma garota coreana de 25 anos. Ela estava realmente ferrada, sendo julgada por todos e expulsa da escola do qual estudávamos. Eu queria continuar com ela então propus irmos ao Brasil. Ela aceitou, mas semanas antes descobri ela que mantinha um relacionamento com um homem 30 anos mais velho que ela. Aquele foi apenas a primeira cicatriz que esse pobre coração ganhou. Eu a perdoei, pois achava que precisava dela. Exigi que revelasse à verdade ao sujeito e cortasse contato com ele. Ela enviou o e-mail na minha frente, para um endereço que não era o dele, pois ele nunca recebeu a mensagem.

Viemos ao Brasil. Eu a introduzi na minha família. Fui seu intérprete. A provi de casa, comida, roupas, conforto necessário... Pagava 100% das contas. A levei para fazer cursos. Dei um gato a ela para fazê-la companhia enquanto eu trabalhava. Dei a ela um livro em branco e a cada dia escrevia lá uma qualidade sua para que sua auto-estima aumentasse. Deixei meus amigos para dar 24 horas de atenção a ela. A protegi de todo perigo e de qualquer um que ficasse contra ela. Corria na farmácia às 2 da manhã quando ela sentia alguma dor de cabeça ou tosse. Ia com ela às 5 da manhã no posto médico para fazer exames de doenças que ela só tinha em sua imaginação.
Deixei de lado minha vida social, minha auto-estima, meu cuidado com minha própria saúde física e mental, minha família, meus hobbies, meus gostos e meus sonhos.
Enquanto isso ela me julgava incompetente, inconfiável financeiramente, irresponsável e sem futuro. Ao invés de se introduzir na minha família, tinha inveja de mim por tê-los quando preciso.
Mesmo assim, no dia 21 de Julho de 2010, me casei com ela para que pudesse permanecer no Brasil e adquiri visto permanente que a permitiria trabalhar legalmente. Ela o fez mas não gostou do fato de se casar com alguém tão incompetente, ignorante e sem futuro como eu.

No final daquele ano, ela perdeu o emprego na escola de idiomas do qual trabalhava. Ao invés de aceitar minhas sugestões e minha ajuda para trabalhar na empresa onde meu irmão trabalha ganhando um salário consideravelmente ótimo, resolveu que a perda daquele emprego implicava uma aversão à cidade toda. Queria se mudar para São Paulo, a cidade mais violenta do Brasil. Sem me consultar, procurou emprego pela internet e foi a uma entrevista. Conseguiu a vaga e não perguntou minha opinião sobre aquilo, apenas aceitou. Sabendo que minha opinião de nada valia eu fiz o que podia fazer: acompanhá-la para garantir sua segurança e salvar nosso relacionamento. Deixei meu emprego onde acabara de ser promovido a gerente e fui para São Paulo. Ela exigiu de mim que eu encontrasse primeiro um apartamento para depois procurar emprego. Entre as exigências estavam a ordem de que este novo lar fosse a 5 minutos de distancia a pé até alguma estação de metrô da linha verde. Não poderia ser perto da linha azul, nem vermelha, nem cinza nem amarela. Tinha que ser da verde. Não poderia ser 6 minutos de distancia da estação, tinha que ser ATÉ 5, não mais do que isso. Este apartamento DEVERIA ser mobiliado e não poderia ser antigo. Também não poderia ser num andar muito alto.
    Seguindo sua lista de exigências encontrei um apartamento do qual eu simplesmente não sabia como faria para pagar o aluguel. O lugar mais barato que encontrei que se encaixasse em suas exigências custava um braço e uma perna. Encontrei um trabalho numa operadora de telefonia móvel. Um emprego do qual ela julgava medíocre e fazia questão de me culpar por não ganhar o mesmo salário que ela. 


Com meu salário eu deveria pagar o aluguel exorbitante, as contas da casa, comprar comida, levá-la para comer fora, levá-la ao cinema, levar para viajar de vez em quando, e dar presentes a ela. Para manter este padrão de exigências, fui fazendo intermináveis empréstimos em praticamente todo banco que existe no Brasil. Hoje sou até jurado de morte por estes bancos. Mesmo assim ela achava aquela vida miserável e infeliz pois eu não poderia prove-la do conforto que ela julgava adequado a seu padrão. Eu não poderia levá-la a viagens por toda a America. Eu não poderia pagar um apartamento maior. Com isso, eu era um merda. Em momentos de conflito, levava até murros dela.
Ela me convenceu de que eu era um merda. Convenceu-me de que eu não prestava, que era um péssimo marido, um pobre, um nada. Minha auto-estima não era baixa.... ela simplesmente não existia mais. Ela era minha musa e eu era uma partícula de poeira. Esqueci quem sou, desacreditei em qualquer elogio que recebi durante minha vida. Odiava a mim mesmo por não suprir as necessidades dela.
             Para tornar nossa comunicação melhor, aprendi o idioma dela. Duas vezes por semana eu saia exausto do trabalho as 6 da tarde para apahar o metrô lotado da hora do rush até o bairro do Bom Retiro, para estudar o coreano.
Ela disse que iria visitar Buenos Aires e não queria esperar 2 semanas até eu ter folga para ir com ela. Foi sozinha. Depois disso ainda foi para Curitiba.
Reservou uma viagem de 1 mês para o deserto do Atacama, no Chile, para participar do Amazing Race do Discovery Channel. Não me consultou sobre isso. Disse que voltaria um dia depois do meu aniversário. Eu senti que não valia 1 centavo para ela. Senti que não valia 1 centavo para este mundo.
Terminei o relacionamento porque um dia conversei com meu pai em um sonho e poucos dias conversei com outra pessoa do “outro lado”. Ele disse que eu teria uma vida infeliz ao lado dela. Que ela me trairia em 2012. Que eu morreria por causa dela. Que eu não faria nada que deveria fazer na minha vida por causa dela.
Isso foi no começo de Novembro de 2011. Eu conversei com ela e contei que iria embora. Ela demonstrou indiferença. Eu ainda propus levá-la a praia como havia prometido, ao parque de diversões em outra cidade e passar o Natal e Ano Novo com ela para que não ficasse sozinha naquelas datas. No Natal ela brigou comigo porque dei a ela uma panela elétrica de 150 reais. Disse que sou estúpido, pois ela não usaria por muito tempo. Eu ganhei um jogo de canetas femininas de gel, uma mochila que ela ganhou no trabalho e um lápis. Ela não gastou 1 centavo. Pouco antes do Ano Novo eu estava tão nervoso que comecei a ter gastrite nervosa com dores insuportáveis no estômago, vômito e muita febre. Ela ignorava aquilo e não queria ir à farmácia para mim. Fui à farmácia sozinho mal podendo me mover e vomitei no meio do caminho.
Além disso, descobri que ela mentiu sobre ter cortado relações com seu amante de 56 anos. Ela vinha mantendo contato com ele desde aquela época na Inglaterra. Eles se tratavam como namorados. Ele sempre mandou dinheiro e presentes para ela. Ela sempre me disse que eram da mãe e da irmã. Ela contava sua vida comum à ele, sem me incluir. Como se vivesse sozinha.

Fui embora no dia 2 de Janeiro de 2012.

Mantivemos contato por telefone pelos próximos quatro meses. Ela me ligaria chorando dizendo que se arrependera por tudo que fez. Ligava-me todos os dias e eu conversava com ela com paciência. Tentava ajudá-la a não se sentir sozinha ou deprimida. Dizia que podia ligar quando quisesse. Ligava para ela para assegurar que estava bem. Quando ela conheceu um coreano e começou a se relacionar com ele, não quis mais falar comigo. Não me contou sobre o rapaz. Apenas me ofendia pelo telefone e cortava contato. Apagou sua conta do Skype, Facebook, Orkut, MSN, Yahoo Messenger...

No dia 23 de Junho de 2012 veio a minha cidade para fazermos o divorcio. Eu propus que ficasse hospedada na minha casa. Gastei quase 100 reais no supermercado para comprar comidas que ela gosta. A levei em restaurantes. A tratei como uma hospede 5 estrelas. Não briguei, não julguei, não ataquei. Propus mantermos amizade. A elogiei e disse tudo que ela tem de bom. A beijei, abracei milhares de vezes. Disse que se ela tentasse melhorar certas coisas, seria uma pessoa ainda mais fantástica. Ela disse aceitar mas no momento que embarcou no ônibus de volta à São Paulo jogou seu sim card fora e apagou sua conta de e-mail. Encerrou as últimas 2 formas de termos qualquer contato. Logo depois descobri sobre seu namorado coreano e que ela irá para a Inglaterra em Setembro para passar uma temporada com seu amante de 56 anos.
Eu fiquei mal.... muito mal. Comecei a perder fome, a vontade de ver pessoas, de trabalhar, de sair da cama. Tinha flashbacks dos momentos bons. Ficava me culpando, procurando os momentos onde errei. Sentia-me jogado fora. Fiquei doente os amigos sumiram e estive a ponto de perder o emprego.

Mas o momento que decidi melhorar foi crucial. Algumas pessoas auxiliaram e auxiliam muito nisso. Deram-me um empurrão, me chacoalharam e disseram “Acorda, Julian!”
Comecei a reler este blog e relembrar quem eu era. Senti falta das minhas idéias, do meu modo de viver, da minha inteligência, dos meus hobbies, de escrever, de conversar, de parecer doido, de ser interessante para alguém, de descobrir coisas...
Então aqui vou eu novamente.

23/09/2010

Disappearing Act (2004)

    Me lembro bem daquele almoço, apesar de não me recordar do dia nem do mês. Talvez Agosto ou Setembro. Eu, meus pais e meu irmão nos sentamos à mesa como fazíamos todos os dias, aproximadamente às doze horas. Antes mesmo de nos servimos minha mãe disse que ela e meu pai tinham algo a nos contar. Nós já sabíamos o que era, ou pelo menos eu já imaginava. Eles já não se falavam muito. Iriam se separar. A primeira coisa que me veio à cabeça naquele momento foi que minha família estava sendo desmantelada. E eu não poderia fazer nada a respeito daquilo.
    Poucos dias depois meu pai se mudou para a casa de sua mãe. Um caminhão levou todas as suas coisas e um pedaço de cada um de nós. Foi um dia terrível, não pelo fato dele estar nos deixando, mas pelas coisas que aconteceram naquele dia. Eu tranquei a porta do meu quarto e atravessei a rua para a casa da minha avó. Não queria sequer ver a mudança. Eu tinha medo dele levar qualquer coisa que tenha me dado, e no momento que voltei pra casa e pus os pés no meu quarto foi exatamente isso que aconteceu. Ele a TV portátil, os discos e alguma outra tralha que me deu ou emprestou. Eu sentia muita raiva, sentia que ele queria me mostrar que estava rompendo qualquer relação comigo, fazendo o que estava fazendo. Mas algumas horas depois, quando ele já havia partido, voltei pra casa de novo e encontrei minha mãe e meu irmão lá. A casa estava escura e mais vazia. Nunca havia me sentido tão triste. Queria poder voltar no tempo e dizer para nós quatro para não cometermos os erros que nos levariam àquele dia triste.

21/09/2010

No Line on the Horizon

   As vezes me pergunto, será que antes de nascer fazemos um plano de vida? Será que abordar esse assunto seria entrar muito no assunto de religião e crenças? Talvez sim, portanto vou me manter cauteloso sobre isto.
   No começo deste ano (2010) retornei ao Brasil após algo tempo viajando. Vivi muito mais nos últimos 3 anos do que em 22 em casa. Conheci inúmeras pessoas, fiz muitos amigos, conheci a pessoa que agora amo. Isso tudo me faz pensar sobre quando eu estava vivêndo a plênitude da infância mas já pensando no futuro, fazendo planos de viajar pelo mundo. Tendo aquele sentimento de ansiedade, com a certeza que algo esperaria por mim lá fora. Será que apenas meu desejo me guiou até aquele exato dia em que embarquei num vôo para longe de casa, rumo ao mundo? Foi tudo um plano ou apenas linhas aleatórias escolhidas corretamente?
   São perguntas que deixarei em stand-by até o momento de se obter todas (ou pelo menos várias) respostas.
"Every night
I have the same dream
I'm hatching some plot
Scheming some scheme"

"Toda noite
Tenho o mesmo sonho
Estou elaborando um plano
Esquematizando algum esquema"

13/08/2009

Into the Heart

    Quando eu era criança meus pais viviam me dizendo que eu cheguei até eles numa espaçonave, vinda de outro planeta. Por muitos anos eu acreditei nisto, na verdade ainda não consigo deixar de desacreditar nisto. Passei boa parte da minha infância olhando as estrelas. Lembro da minha esperança de alguém vir de uma destas estrelas, pousar sob meu quintal e me dizer que há muito mais além daquela cidadezinha interiorana paulista. Torcia para me levarem para uma volta em seu disco voador. Me levarem até a lua para eu tocar aquela bola de queijo com minhas próprias mãos. Descobrir se afinal ela é amarela ou branca. Quando viajava de carro a noite, sempre buscava a lua, procurava observá-la para poder identificar suas imperfeições, fascinado.
    Não consigo me lembrar bem das minhas primeiras memórias, mas lembro de viver numa casa perto de um cemitério, lembro que havia um limoeiro no quintal. Lembro que a vizinha era amiga da minha mãe. Lembro que meu pai trabalhava numa fábrica de cerveja, a mais famosa do país naquela época. Lembro como todos na cidade se orgulhavam por termos aquela fábrica em nossa cidade. Tenho poucas lembranças do meu pai nesta época, talvez porque ele saia para o trabalho logo cedo e voltava quase na minha hora de dormir e aos finais de semana preferia estar com seus amigos de infância. Lembro que eu e meu irmão gostávamos de Comandos em Ação, que 15 anos mais tarde descobri que era o mesmo que G.I. Joe. Lembro o quanto ficamos felizes quando ganhamos os bonecos dos personagens com a tinta militar de pintar o rosto que acompanhavam os bonecos. Alguma tia ou prima do meu pai vinda de São Paulo, que nos deu. Meus pais jamais poderiam pagar tais brinquedos.
    Lembro o quanto nos mudamos em 9 anos, dentro da mesma pequena cidade. Lembro que percebi que minha família era um pouco diferente das outras em algum ponto da minha infância. Talvez pelo fato de recebermos visitas não vivas constantemente, ou pelo fato de apesar de sermos 4 pessoas, na verdade éramos mais, apenas não eram visíveis. Ou poderia ainda ser pelo fato do meu pai um dia ter construído uma antena para transmitir nossa televisão para seres extraterrestres. O vizinho perguntou se aquilo era uma antena para ET, mas pobre homem, mal sabia ele que era verdade.
    Vamos ser sinceros, meu pai nunca foi muito fã de crianças. Ele não tinha um pingo de paciência e apesar de não assumir, o que ele queria naquela época era ainda ser solteiro e aproveitar as aventuras que a vida podia oferecer. Posteriormente descobri o porquê daquilo tudo. Ele ainda tentava aproveitar, mas sem saber que estava cometendo um grande erro que ecoaria pelo resto da vida dele, através da minha mãe, do meu irmão e eu.
    Eu fui uma criança quieta e lá pelos inícios da minha memória até os 9 anos tenho lembranças um pouco estranhas. Não consigo lembrar muito do meu irmão. Será que passamos os primeiros 10 anos de nossas vidas separados, de alguma forma? Lembro da TV, isso sim, de todas as manhãs estar em frente a TV assistindo desenhos e vendo aquilo expandir minha imaginação de uma forma que refletiria pelo resto da minha vida. A TV criou um mundo na minha mente, meu próprio mundo onde as regras fugiam às convencionais e onde o comportamento humano era muito mais profundo do que a real. A única desvantagem era que eu era o único habitante daquele mundo próprio.

20/02/2009

Fazendo Música pra Surdo!


Morando na Inglaterra você encontra música em praticamento todo lugar. Principalmente em Londres. Andar pela Oxford Street é como andar em qualquer calçadão do Brasil (ok, não qualquer mas boa parte). Logo na primeira quadra há uma loja gigantesca de música chamada HMV onde geralmente está tocando uma das paixões nacionais: Coldplay, Keane, Oasis ou The Beatles. De lá para frente há o som dos rádios baratos das lojinhas de souvenirs e estúdios de tatoos da esquina. Pouco antes do final da rua há outra loja de música, que obviamente toca basicamente... Coldplay. Bom, não é bem aí que quero chegar. Afinal, neste exato momento estou sentado dentro da minha sala de aula, junto a meus colegas, onde o som toca... Coldplay. E olha que já não estou mais na Inglaterra, estou num país próximo. O negócio gira em torno da minha situação musical pois a cada vez que tenho que dar o relatório do meu passado (negro e claro) vem a calhar contar que meu pai teve uma banda e tocou por anos e anos ou que minha mãe ama música e é professora de piano e teclado. Também vem a calhar dizer que meu irmão conseguiu seguir esta linha e construir sua paixão em tocar guitarra. O bixo pega quando me perguntam "E você toca qual instrumento?" Putz! Nenhum, nem mesmo campainha pois sempre quero fazer uma gracinha com a capainha e som acaba ficando horrendo, do tipo:

"Pééééé-pé-péééé-pé"


Meu histórico musical foi o seguinte:

* Participante do coral da escola aos 8 anos
* Estudante de teclado por 3 meses aos 12 anos
* Estudante de teclado por 5 meses aos 13 anos
* Estudante de violão por 3 meses aos 14 anos

E daí para frente múltiplas tentativas frustradas de conquistar a amizade de algum instrumento musical, exemplos: voz, guitarra, teclado, youtube e o interfone do apartamento. A falta de dom é evidente mas mesmo assim nunca venceu a insistencia (teimosia). Quando respondo à pergunta acima as pessoas olham para mim com uma cara como se eu tivesse cometido um crime. Mas quem disse que não tenho algum talento? Estou cada vez mais perto de descobri-lo, pô!

19/02/2009

Entre Laços

Onde a vida de constantabilidade termina e a novela se torna um seriado.

Durante minha vida no Brasil as coisas que permanenciam fixas dia-a-dia pareciam se esvanecer ao final da semana e tornarem-se novas ao primeiro momento de certeza. Claro que todos nós sabemos que as coisas são passageiras, mas nunca nos damos conta de que elas poderiam ser mais passageiras se procurássemos tal destino incerto.

As pessoas chegavam à minha vida e eu segurava firme a quem meu espirito batia. Todos nós temos aqueles amigos do colegial, de anos atrás. Ou até mesmo de primário, de séculos atrás. Mas quando você decide abrir mão da corda que te amarra às coisas que chama de valiosas, as pedras se tornam semi-preciosas.

É brincar com o fogo até o fogo brincar com você.


Vim para o exterior com o objetivo de fazer algo de bom. Não para passar a imagem de santo porque de santo me falta muito, mas para cumprir uma de minhas metas na vida. E isto implica em muitas mudanças, é como dar um restart. Você sabe seu nome então pode dar um soco na parede. Ela vai quebrar em um oportuno e inseperado momento.

Estar pronto para conhecer novas pessoas torna todas as imagens que você vê instantâneas e seus olhos se tornam a janela de um trêm em movimento. Estas pessoas surjem como você chegou, com malas à mão e um enorme ponto de interrogação em cima da cabeça. Se aquele ponto de interrogação se encaixa ao meu ponto de exclamação há uma aproximação interessante, uma amizade construtiva de mãos dadas com a toda a lógica e ilógica deste plano doido.

Onde o morro termina e a montanha começa é onde estive, e agora tem muita gente atravessando esta montanha comigo. No momento que deve acontecer, algumas destas pessoas tomam um outro rumo. Ou eu mesmo decido rumar à uma trilha diferente.

Não importa, o destino é sempre o mesmo e a gente se encontra por aí, em algum lugar desta floresta!

10/02/2009

O Último Baile de Garagem

Eu sempre achei que conhecia meu pai bem o suficiente para ter uma opinião extremamente concreta sobre ele. E ele achava o mesmo sobre mim. Mas quando o mundo dá voltas que te tiram um pouco da órbita fica difícil dizer que tudo continua igual quando você coloca os pés de volta ao chão.
Há alguns dias atrás eu estava levando minha vida numa rotina cheia de tarefas que envolviam trabalho e estudo na Inglaterra, me preparando para fazer o trabalho voluntário na África. Foi quando meu celular tocou e ví que era minha mãe quem chamava. Na mesma hora já tive um mal-pressentimento pois estando há 10 meses no Reino Unido minha mãe nunca havia me ligado no celular e eu sabia que ela só ligaria em caso de emergência. Por exemplo, morte. E não foi diferente do que eu esperava, ela me trouxe a notícia que meu pai havia falecido. Eu só respondi "Eu sei." mas na verdade não sei bem como eu sabia.

Passei dias seguintes sendo assombrado pelo céu e inferno, com flash-backs de várias situacões e o sentimento de mea-culpa me rondando o tempo todo. Claro que eu não podia fazer nada para evitar, mas certamente podia ter aproveitado melhor o tempo com meu pai.Eu e ele tivémos uma relacão extremamente complicada durante anos, especialmente durante minha adolescencia (Ô época difícil!). Ele não era tolerante e eu também não facilitava nem um pouco. Minha revolta pelo modo que ele vinha me tratando desde que vim ao mundo se virava contra ele e todos ao meu redor, com as palavras mais idiotas que um adolescente pode dizer. Mas felizmente as pessoas crescem e num belo dia se tornam adultas. E quando certas circunstâncias levam à situacões de união por um bem maior, a aproximidade se torna inevitável.

Quando retornei do meu período de "vou crescer lá fora" terminou, em Maio de 2004, pudemos nos conhecer melhor. Meu pai se tornou o tipo de cara que se torna meu amigo. E conforme fui conhecendo-o melhor fui entendendo muitas coisas do passado.

Meu pai era roqueiro, sempre foi. Tocou em banda de rock nos anos 60 e durante os anos 70 e 80 continuou tocando com os mesmos amigos, apenas por diversão. Adorava rock progressivo e psicodelico. Entendi que sua frustracão por nunca ter se tornando um músico profissional se virou contra ele mesmo. Entendi que pelo fato de querer ser alguem desapegado às coisas materiais e possuir nada além de liberdade também se tornou uma frustracão ao se ver tendo em suas mãos uma família para tomar conta. E isso foi descarregado em mim e meu irmao por muito tempo.

Mas a influencias de tudo ao seu redor te obrigam a tomar caminhos incertos e o destino é sempre aquele momento que você se dá conta do que aconteceu, entende o porquê.

Desde que deixei meu país por um tempo, em Abril de 2008 eu vinha buscando meios de deixar meu pai contente. Fui no concerto de um guitarrista que ele adorava apenas para pegar o autógrafo para ele. Comprei um livro do John Lennon para ele e antes que eu pudesse enviá-lo, ele resolveu deixar este mundo.

Naquela noite do dia em que minha mäe me ligou eu pedi á qualquer coisa maior do que eu que permitisse que eu me despedisse do meu pai enquanto eu dormia. Não sei se isso aconteceu ou não mas de certa forma depois disto me senti mais tranquilo.

Agora me resta as memórias... E a cada vez que vou me deitar ler mais algumas páginas do livro que comprei para ele e nunca pude enviar. De relance, bato o olho no que escrevi para ele na contra-capa do livro:


"Pai, por todo lado há música e isto me faz lembrar de você a todo momento.
Assim como John te inspirou você me inspira.
Seu filho, Julian"

19/03/2008

Volta às Raízes


Voltar às origens nunca é fácil. Lembro de um filme com o Robert Downey Jr., que ví há alguns anos, do qual ele se reúne com a família na casa dos pais depois de anos ausente. Estou me sentindo esse cara.

Estou de volta à minha cidade natal, depois de 14 anos. Eu não diria que o sentimento de nostalgia me ronda, afinal esta cidade mudou assustadoramente. Não é mais uma cidadezinha caipira que eu estava acostumado, onde eu não sabia quem as pessoas eram mas todos sabiam quem eu era. Algumas ainda sabem, mas agora há tantas pessoas que vieram de fora que eu mesmo me sinto um visitante.

O motivo de eu ter vindo para cá foi a esperada viajem para a Inglaterra. Sabendo que aqui eu poderia voltar a ter as mordomias de ter almoço na mesa e roupa lavada e ainda sem gastar um centavo, não hesitei.

Bom, meu novo lar foi a casa do meu pai, onde também moram minha avó, minha tio, meu tio e minhas duas primas. Mas como as coisas comigo não ocorrem com normalidade e os lugares onde vivo são sempre excêntricos, meu quarto foi o cômodo que estava vago, o quartinho do lado de fora da casa onde até o momento estava sendo usado de depósito (de tranqueiras e móveis velhos). Na verdade não se pode dizer que "estava", pois ainda é usado para este fim. O que consegui fazer foi amontoar as caixas e tranqueiras num canto do quarto, e ficou assim até o teto. Nesta montanha de coisas você encontra desde tapetes enrolados até quadros de casamentos, forninhos de acampamento, gravadores antigos, baralhos milenares, ferramentas estranhas malas estampadas de xadrez, violão ganho pela minha tia nos anos 70 e até jornais datados anos 90, 80, 70 e possivelmente 60. Todos estes objetos reunidos me gerou a preocupação de abrigar família de baratas, ou um grupo mais populoso. Bom, o que aconteceu até agora foi que só ouvi barulhos vindos da montanha de tranqueiras, mas ver mesmo não ví nada. E espero não ver.

Mas é engraçado saber que neste mesmo quarto meu pai viveu quando tinha minha idade (mais de 30 anos atrás), e posteriormente outros membros da família também habitaram aqui. Mas eu mesmo nunca imaginei que viveria sob este teto, principalmente agora, com as goteiras.

Logo nas primeiras noites choveu, choveu muito. Eu tinha sido informado sobre as goteiras mas não pensei que fosse tão grave. Acordei no meio da noite com a goteira bem do meu lado, e a gota ao pingar no chão respingava na minha cara. Um belo modo de acordar alguém, claro. Lá fui eu cobrir a TV (a salvando da morte certa) , arrastar o colchão e pegar um balde. Mas notei que havia outra goteira no outro canto do quarto, próximo ao PC. Arrastar móveis velhos e mais balde. Vou me deitar e começo a ouvir pingos, agora em cima das sacolas, no outro canto do quarto.

E minha sina é arrastar móveis e colocar balde ou panela, parecia desenho do Pica-Pau.

Mas morar aqui é bom, tem speedy, gente pra conversar, comida, roupa lavada... nada melhor que umas férias antes de ir penar na terra da Rainha!

15/03/2008

Sometimes You Can Make It On Your Own.

Eu estava certo, o tempo não é relevante. De fato, ele não tem importância nenhuma em assuntos ligados a afetividade.
A noite de 14 de Março não correu como eu esperava claro. Se tivesse, o blog não teria tanta graça.
Estou refazendo este post. Quem está sempre por aqui sabe que as vezes refaço postagens, isso acontece porque muitas vezes, na hora de escrever, os ânimos se exaltam e saem palavras que posteriormente podem não trazer o tipo de retorno que se pode considerar seguro.
Se eu escrevesse aqui o que realmente se passa na minha cabeça a respeito dos que orbitam minha vida, muita gente ia me odiar.

14/03/2008

Parabéns Para Mim!

Muito tempo se passou desde minha última postagem. Tem gente que já deve estar imaginando que abandonei o blog. Isso não vai acontecer tão cedo, até porque logo este será meu único meio de dar notícias a respeito de mim para aqueles que me conhecem e desejam saber se estou vivo.
Engraçado que quando posto com freqüência, reclamo da falta de atividade ao meu redor. Que nada acontece e que a rotina impera. Mas quando coisas começam a acontecer não sobra tempo para escrever a respeito disso no blog, e nem mesmo sobra calmaria na mente, principalmente na minha. Tudo fica bagunçado e um turbilhão de pensamentos me impede de pegar no sono à noite.
Hoje é meu aniversário... Não que seja algo que traga muita animação, mas traz um ano a mais de percurso. Vinte e três, para ser mais exato. Não sou daqueles traumatizados que detestam o próprio aniversário, mas posso afirmar que ainda estou esperando um 14 de março legal, espero que seja este, pois no último eu chamei praticamente todas as pessoas que conheço para celebrarem comigo num bar mas o desfecho foi típico de filme de comédia, eu sentado na mesa sozinho até aparecer apenas uma das vinte pessoas que chamei. Mas foi bom, tentei me animar, afinal era uma amiga que conheci quando eu ainda borrava as calças, dormia com ursinho e chupava o dedo. Não que o tempo seja algo tão relevante, afinal minha própria mãe me conhece há quase 23 anos e não apareceu naquela noite.

13/02/2008

When You Were Young

Na tarde da última segunda feira, logo após o trabalho, peguei um ônibus para Agudos. Deveria ir pra lá para um exame de sangue no dia seguinte às 7:00 da manhã (diga-se de passagem: =\ ).

Cheguei na casa dos meus avós, tomei um banho, jantei.. conversa vai, conversa vem, minha vó me chama para mostrar um envelope A4 cheio de cartas. Cartas! Cartas escritar pela minha mãe, meu irmão e por mim em 1995, quando acabávamos de ter mudado da cidadezinha Agudos para a metrópole Campinas.

Bem mais tarde, quando estava pronto pra dormir, resolvi ver as cartas mais detalhadamente na cama. E que história... muitas lembranças perdidas, muitos momentos contados, tristezas compartilhadas...

Foi interessante ver meu irmão contando das gatinhas da escola, minha mãe contando que o chefe do meu pai queria que ele o secretariasse, organizasse reuniões pelo telefone, apresentações gráficas, etc.. "... o Fernando não consegue nem organizar a gaveta de cuecas dele, mãe!", ou contando sobre quando foi me levar na ecola no meu primeiro dia de aula da quarta série e nos perdemos na gigantesca escola. Ou até me ver contando sobre o incêndio que quase dominou nosso prédio e levou minha tartaruga pro céu.

Segue um trecho da carta da minha mãe: "Estou enviando o Diarinho (jornal) a vocês. O Julian escreveu pra lá, mandou uma história em quadrinhos que ele desenhou, me encheu o saco pra por no Correio, e não é que publicaram a carta dele? Ele é tão surtudo que quando foi comprar o jornal no sábado, tinha uma fotógrafa do Diário do Povo na banca e até o ajudou a procurar a carta dele. Ela falou para ele escrever mais vezes e mandar uma foto pra sair no Diarinho. Até a historinha do Cebolinha que ele pediu, publicaram..."

Mas o mais surpreendente foi ver o modo de pensar de cada um na época, assim descobri coisas que passavam em branco naqueles dias. Minha mãe contando sobre umas fotos 3X4 que tiramos, eu e meu irmão, com camisas que insistimos para ela comprar (horríveis!). A preocupação com nossas amizades, com o fato de ficarmos presos no apartamento cheios de energia dos 10, 11 anos....

Outro trecho da minha mãe, demostrando um típico problema familiar: "... Acabei de levar o Ju na escola e infelizmente colocaram ele de manhã. Vou ver se consigo trocar para a tarde, senão minha vida vai ser um rolo! Isto aqui vai virar um hotel com 3 horários de almoço: o do Fernando (meu pai), do Julian e do Cristian (meu irmão)..."

Me bateu uma tristeza por entender o que éramos e o que nos tornamos.

Éramos uma família de 4 pessoas felizes um com o outro, com a novidade de uma nova cidade. E esta nova cidade por ser grande e assustadora nos unia ainda mais. Lutávamos com os horários, com a falta de grana e o perigo eminente do desemprego.

Nos tornamos 4 pessoas sozinhas. Cada uma vivendo em uma casa diferente, pensando nos momentos de outrora e tentando compensar esta dor com alegrias passageiras.

Vou em frente, agora, com esperança no futuro e assim poderei recompensar isso um dia, com minha futura família.

03/02/2008

A Partida

Visão, olfato, som e tato.
Há algo lá fora que preciso muito
A visão de um som,
ou o toque de um cheiro
Ou a força de uma árvore,
com raízes profundas ao chão.
A mistério das flores, brotando,
depois surgindo e crescendo
Karma que me leva...
ao Sol, de novo
Voar ao Sol sem queimar as asas
Pra deitar no solo e ouvir a grama cantar
Para ter todas estas coisas...
na nossa curta memória
Para usar isto
Para ajudar
Para encontrar...
Julian Criscione (03/12/2007)

21/01/2008

A Day In The Life


8:10

Acordo pelo despertador do celular, perto de mim. Abro os olhos com uma preguiça extrema e apenas após o despertador tocar 3 vezes as primeiras notas de Miracle Drug consigo levantar.

Pouco depois estou saindo de casa, rumo ao trabalho. Não posso reclamar, fica há apenas 2 quadras de casa. Nas ruas não há ninguem. Nenhum carro, nenhuma pessoa indo ao mercado. Nenhum cachorro vira-latas dando sua caminhada matinal.

Quando chego abaixo pra destravar a grande porta de ferro, a levanto, destranco a porta de vidro e desativo o alarme. O lugar é o mesmo que venho vendo nos últimos 16 meses da minha vida, uma loja de celulares.


9:00

Faço uma breve limpeza na minha mesa, ligo o filtro de água, o rádio, as máquinas de cartão de crédito, as impressoras, os ventiladores de teto, meu computador e o servidor no fundo da loja. Coloco os celulares na vitrine, pego a chave na minha gaveta e abro a loja.

Dou uma passeada pelo Orkut, e-mail, formulários da TIM.. papelada chata... canto uma musiquinha... fazia tempo que não ouvia Beatles...

Ninguém entra no lugar, ninguém telefona. No MSN não há ninguem, apenas meu próprio nome on-line. Me faz pensar: como adicionei a mim mesmo no MSN?


12:00

Desligo o monitor do PC, apanho meu celular, minha carteira, meus óculos escuros e saio pela porta de vidro. Caminho 3 quadras até a rua Gustavo Maciel onde ao contornar à esquerda já vejo o Restaurante Quintal. Apesar do nome, ele não é num quintal, é muito agradável o lugar e não lota tanto como em outro. Mas não há absolutamente ninguém neste momento. Eu contorno o caminho da fila para passar pelo churrasqueiro e quem sabe pedir um medalhão de frango, ou um cupim. Mas como ele não está passo direto, até o balcão das comidas. Coloco mais feijão e menos arroz, mais batata-frita e menos salada. Apanho os talheres e me sento na mesa habitual, perto da TV para eu poder ver um pouco do jornal. Se houvesse alguma compania eu escolheria a mesa na varanda do restaurante, onde é mais agradável e dá um clima mais "externo".

Em vinte minutos já tenho terminado e estou satisfeito. A caixa não está lá para cobrar, portanto apenas me levanto e saio pela porta.


15:00

Ninguém. Dá vontade de me comunicar um pouco, então procuro no computador alguma música que eu saiba cantar. Quem sabe aquela do Elvis, Burning Love!


18:00

Hora de ir embora, e é hora do rush. Mas nenhum carro buzina, nenhum ônibus corta a avenida, ninguém atravessa a rua correndo. Guardo os aparelhos, desligo tudo, baixo a porta de ferro, aciono o alarme e vou-me embora.

Chego em casa em pouco tempo. O lixo ainda está do lado da árvores. Os lixeiros devem estar de greve! Abro o cadeado, entro pelo portão, atravesso a varanda e destranco a porta da sala. Entro pela porta do meu quarto e me esparramo na cama, descansando por 5 minutinhos apenas. Levanto, vou até o banheiro tomar um banho.


19:20

Deitado na cama assisto um pouco de TV, apenas há desenhos... e jornal exageradamente trágico... jogo um pouco de poker no celular, leio algum livro que está em cima da mesinha do canto, ou um anúncio de TV a cabo qualquer...


20:00

Ligo o PC, já coloco alguma música... ligo a internet. Ninguém no MSN ainda, nenhum recado no Orkut e não há e-mails novos... Nada mais resta a fazer senão escrever um pouco no blog, me sinto inspirado hoje!


23:30

Desligo o PC, vou até a cozinha e da geladeira retiro um pote de 2 litros de sorvete. Ao invéz de pegar um potinho e um talher, pego apenas a colher e ja vou experimentando a caminho do quarto. Ninguém liga, ninguém aparece em casa. Coloco algum filme no DVD... Ainda não terminei de ver Yellow Submarine!


0:45

Escovo os dentes, saio pela porta da sala até a varanda apenas pra dar uma olhada no céu. Um silêncio tão grande que ecoa pelos quilômetros que me cercam. Nenhuma voz, nenhum som de carro ao longe. Está esfriando! Entro, tranco a porta da sala. Ja vou em direção ao quarto. Tranco a porta do quarto, pego uma garrafinha de água que está sob a mesa do computador e coloco ao lado da cama. Ajusto o despertador do celular, coloco a TV em um canal qualquer para dar sono e apago a luz.


1:50

Desligo a TV, viro de lado, fecho os olhos e me pergunto:
"Estou invisível para o mundo ou o mundo está invisível para mim?"

03/01/2008

Quando Eu Olho Para Mim


A maioria das pessoas quando entram num ano novo tem a convicção de terem pela frente um ano ótimo, muito melhor que do que aquele que acabou de terminar. Isso é um fato. Mas e quando você já começa o ano na lama (para não dizer palavrão)?

O que aconteceu nos últimos dias de 2007 e primeiros de 2008 foi que em praticamente todos os dias eu briguei com alguém. Nem sempre essas brigas são causadas por mim, devo deixar claro. O problema é que não tento mais amenizar estas discuções. De fato, eu as pioro, e de propósito. Me sinto culpado por isso... minto, não me sinto. Mas sinto que preciso mudar isso, pois está me incomodando e eu não gosto da pessoa que me tornei. Voltar a ser a pessoa que eu gostava de ser. O problema é que a última vez que eu gostava de quem era eu tinha 9 anos de idade. Sei que preciso mudar, por isso estou iniciando algumas mudanças na minha vida a partir de ontem. Relacionadas a meio social, principalmente. Também envolvem mudanças em mim mesmo, claro. Eu não seria tão arrogante de não achar que tem algo errado comigo.


Hoje passei boa parte do dia pensando sobre todas estas coisas e cheguei a uma resposta do porque ano agindo assim. Mesmo querendo negar, é um problema de auto-estima. Esse problema foi causado pelas muitas rejeições de dezembro. Não só amorosas, mas em relacionamentos no geral. Pior que são rejeições decorridas de ilusões, ou seja, a pessoa demonstra grande consideração por você e de repente pisa na bola de uma maneira que magoa até a alma dos meus futuros netos. E com isso me sinto mal. Sendo somada a outras situações iguais me emerge esta baixa auto-estima.

Com essa baixa auto-estima vem um sentimento diferente, não de vingança, mas de justiça. Justiça contra mim mesmo, não medindo palavras a quem me ofende e fazendo assim me odiarem.


Descobri que meu desejo oculto, neste momento, é fazer todas as pessoas que eu conheço me odiarem. Isso porque quanto mais só eu estiver, menos chance de me magoar terei.


Isto é um fato, sabemos. Um modo mais fácil de se viver, mas mais amargo.

Tenho certeza que não é isso que quero, até porque em poucos meses estarei embarcando para uma vida nova e não posso fazer esta transição estando em cima da minha própria nuvem apenas.

Procuro respostas vindas de mim mesmo.



Quando você olha para mim
O que é que você vê?
As pessoas encontram todo tipo de coisas
E trazem até você
Eu vejo um sentimento
Tão claro e tão verdadeiro
Que muda o clima
Quando você entra no ambiente

Então eu tento ser que nem você
Tento sentir como você
Mas sem você não tem jeito
Eu não consigo ver o que você vê

Quando você olha para mim
Quando a noite é de outra pessoa
E eu fico tentando dormir um pouco
Meus pensamentos são muito caros
Para querer permanecer com eles

Quando há todo tipo de conflito
E tudo mundo caminhando com dificuldade
Você nem pisca agora, não é?
Nem olha de longe

Então eu tento ser que nem você
Tento sentir como você
Mas sem você não tem jeito
Eu não consigo ver o que você vê
Quando você olha para mim

Eu não consigo esperar mais
Eu não posso esperar até ser mais forte
Não consigo esperar mais
Para ver o que você vê
Quando você olha para mim
Eu estou na sala de espera
Não consigo enxergar por causa da fumaça
enso em você e em suas palavras
Enquanto o resto de nós espera

Me diga, me diga... o que você vê?
Me diga, me diga... o que há de errado comigo

29/12/2007

Esperar


Esperar é definitivamente uma coisa que não gosto!

Esperar ligação, esperar ônibus, esperar pessoas, esperar compromissos...


Exatamente por isso, as vezes Deus resolve brincar um pouco comigo.


Esperar alguém te ligar, porque combinou de sair naquele dia contigo. E enquanto a espera no telefone, também espera no MSN. Espera em vão. Espera que resulta em frases como "te magoei?" Espera que desanima, espera que magoa.


Esperar o dia passar porque no dia seguinte marcou de sair com outra pessoa. Esperar em vão novamente. A pessoa te dá o cano!

Esperar por um pedido de desculpa mas encontrar frases como "você não respeita meus sentimentos"

Esperar por alguém respeitar seus sentimentos, assim como sua paciência.


Esperar que as pessoas, um dia, tomem jeito e não façam mais outras pessoas esperarem.

Balanço de Estoque

Mais um ano se foi.
2007 acabou.

Pra muita gente isso significa pouco, a passagem de ano não é nada além de uma troca de números. Pra mim também, afinal não se pode colocar as mudanças necessárias a cargo da virada de ano. Estas mudanças ocorrem, pelo menos comigo, a todo momento. Em qualquer mês.
Mas o início de um novo ano pra mim é uma renovação, sim. Um balanço seguido de um upgrade. E para aqueles que desacreditam em mudança, basta ler a frase que mantém meu blog em pé. “Nós devemos nos tornar a mudança que queremos ver no mundo” e está explicado! Eu não me considero uma pessoa muito boa. Eu era bom quando criança. Com o tempo meu foco foi desviando do que era real para se acostumar com o que era vantajoso, mas não propriamente positivo. Posso estar exagerando, mas isso tem me incomodado. Acho que em nenhum outro ano eu briguei tanto com as pessoas como neste. Mas penso que tem o outro lado, estou mais crítico, rejeitando cada vez mais injustiças e com isso tento aprender.
Afinal, a vida é um aprendizado constante. Com isso teríamos que ser cada vez pessoas melhores, à medida que envelhecemos, quando o que ocorre é o contrário. Eu quero entender estas coisas pra poder melhorar a mim mesmo.
Então, nada melhor que aproveitar essa época de renovação pra fazer uma reforma interior. Eu estou precisando muito disto! Um balanço seguido de uma faxina mental.
Em 2007 eu decidi começar o planejamento de um novo rumo pra minha vida, que iniciará no dia 14 de Abril de 2008. Também consegui algumas mudanças emocionais (lê-se: não se apaixonar), isso me poupou de muitas decepções. Mas não me poupou de decepções ligadas a amizades e a família. Quanto a isso não há o que se fazer, penso eu.
Infelizmente não posso dizer que 2007 foi um ano bom. As coisas ruins superaram as boas. E muitas delas foram causadas por mim mesmo. Colocar a emoção acima de tudo não é uma decisão sábia, estejam certos disto. Mas eu ainda aprendo...
Eu estava lendo meu balanço do ano de 2006 e não pude deixar de notar quanta esperança estava presente, tentando manter a mesma energia que terminei aquele ano. 2006 foi um ano, sem dúvida, muito melhor. Muita coisa era constante e foi perdido. Amizade, família, moradia, alegria.
Porém, este balanço de 2007 que soa um tanto negativo não deixa de abrir os braços e esperar um ano muito melhor. Com mais alegria presente, mais amor presente, mais pessoas boas presentes e mais compreensão presente.

Lá vamos nós de novo!