27/10/2007

In a Little While

Há uma certa turbulência no ar. Não um ar negativo, como eu pressentia erroneamente há algumas semanas. Mas uma sensação de que as coisas estão se movendo ao meu redor deuma forma que não posso mais regressar ao que era antes. E o velho temor de mudança é inevitável. É a conseqüência deuma decisão minha, e apenas minha.
Para ser mais claro: eu andava meio perturbado ultimamente, não conseguindo atravessar o dia sem ser incomodado pelosentimento que algo estava fora do eixo e devia mudar, algo emmim que eu não encontrava. Mas alguns sinais foram meapontando o que estava na minha cara, algo que eu deixei delado num passado não distante.
Esses sinais me abriram os olhos para alguns e-mails antigos. Mais exatamente de 2004, quando eu tratava da minha ingressão num trabalho voluntário grandioso onde eu poderia me colocar numa trajetória do qual o resultado seria positivo para mim e para muitas outras pessoas.
Três anos atrás não se falava tanto sobre aquecimento global como hoje, mas algo constantemente me vinha à cabeça: Com tal velocidade de destruição do nossa casa, qual seria o destino que tão brevemente enfrentarão nossos herdeiros? Quando eu era pequeno não se falava muito sobre isso, mas eu já ouvia muito sobre o desmatamento das florestas tropicais. Muitas e muitas campanhas era realizadas para conscientizar a quem poderia estar no caminho e creio que possa ter funcionado de certa forma, pois algumas crianças daquela época, como eu, criaram essa idéia que foi alimentada com o passar dos anos a respeito de preservação. Quando eu tinha 11 ou 12 anos comecei a ouvir e gostar do U2 (o que me gerou problemas já que aparentemente todos que conheço detestam U2), e com o passar dos anos fui presenciando os trabalhos humanitários do cantor Bono, o tipo de trabalho que eu vi na mídia que da área musica apenas John Lennon havia demonstrado interesse e uma certa ação. Como adolescente não tem muito o que fazer, eu gostava de colecionar coisas e ler coisas sobre o U2, portanto lia muito sobre esses trabalhos que Bono realizava na África, e com isso fui me aprofundando mais e mais no assunto. Aquilo me despertou um interesse de tamanho proporcional aos problemas que (alguns de nós) conhecemos que ocorre lá. Pelo tamanho do continente africano, considero vergonhoso o tamanho da dor física que as pessoas que ali vivem sofrem, a dor sentida na alma vem tão logo quanto a fome ou as reações causadas pelas doenças que até mesmo nós aqui que moramos num país de terceiro mundo temos tratamento ao nosso alcance. Quando comecei a me sentir parte de tudo isso e refletir sobre o descaso que se estabelece a respeito da uma saída de cura do continente foi o momento que comecei a pensar e pesquisar meios de me estabelecer como parte da cura. Pesquisei, mesmo sabendo que era novo e que aquilo provavelmente estaria mais acessível alguns anos depois. Encontrei uma ONG chamada Humana People to People que treina no Reino Unido pessoas interessadas em se tornar voluntários. A escola se chama CICD, entrei em contato com uma mulher chamada Marie, que é a pessoa que prepara o recrutamento dos voluntários. Após muitos e-mails obtendo informações ela se propôs a me telefonar para podermos conversar mais claramente e assim tirar todas as dúvidas (e assim ela pode fazer muitas perguntas sobre minha vida para ver se eu seria apto a tal trabalho). Devo dizer que isso exigiu bastante do meu conhecimento de inglês, já que ela não fala português. Ficou tudo acertado, porém seria preciso desembolsar uma grana difícil de se conseguir com 18 anos. A grana da passagem aérea, passaporte, visto, vacinas, matricula e etc somariam um valor que me obrigou adiar esses planos.
Apenas agora, já estando com 22, fui voltar a entrar em contato com Marie e a escola e vendo que meu lugar ainda estava guardado comecei a correr atrás de tudo e aqui estou eu pronto para ingressar nessa longa estória de futuro incerto. O treinamento dura 10 meses e é realizado nesta escola em Patrington Hall, Inglaterra, o trabalho será treinar futuros professores, pessoas comuns das comunidades, trabalhar em escolas da Humana cuidando de crianças, ensinar pessoas sobre higiene e controle de doenças endêmicas, ensinar sobre produção auto-sustentável de alimento, como a utilização de soja, etc. Agora a Índia também foi incluída no programa, alem da África. Meu destino só saberei durante o treinamento. Já com o passaporte e os papéis da matricula em mão, espero o momento certo para contar a minha família sobre esta viajem. Como nem todas as pessoas são compreensíveis e dotadas de bom-senso, para alguns simplesmente terei que contar que irei ao Reino Unido para estudar, o que não deixa de ser verdade. Mas sobre minha participação em um trabalho humanitário deixarei em off para não gerar comentários desagradáveis.
Um dos motivos que este blog foi criado é para servir como um diário durante essa jornada que se iniciará com minha partida, em 14/04/2008. Portanto, futuramente contarei melhor sobre todos esses grandiosos planos.
Abraços