13/02/2008

When You Were Young

Na tarde da última segunda feira, logo após o trabalho, peguei um ônibus para Agudos. Deveria ir pra lá para um exame de sangue no dia seguinte às 7:00 da manhã (diga-se de passagem: =\ ).

Cheguei na casa dos meus avós, tomei um banho, jantei.. conversa vai, conversa vem, minha vó me chama para mostrar um envelope A4 cheio de cartas. Cartas! Cartas escritar pela minha mãe, meu irmão e por mim em 1995, quando acabávamos de ter mudado da cidadezinha Agudos para a metrópole Campinas.

Bem mais tarde, quando estava pronto pra dormir, resolvi ver as cartas mais detalhadamente na cama. E que história... muitas lembranças perdidas, muitos momentos contados, tristezas compartilhadas...

Foi interessante ver meu irmão contando das gatinhas da escola, minha mãe contando que o chefe do meu pai queria que ele o secretariasse, organizasse reuniões pelo telefone, apresentações gráficas, etc.. "... o Fernando não consegue nem organizar a gaveta de cuecas dele, mãe!", ou contando sobre quando foi me levar na ecola no meu primeiro dia de aula da quarta série e nos perdemos na gigantesca escola. Ou até me ver contando sobre o incêndio que quase dominou nosso prédio e levou minha tartaruga pro céu.

Segue um trecho da carta da minha mãe: "Estou enviando o Diarinho (jornal) a vocês. O Julian escreveu pra lá, mandou uma história em quadrinhos que ele desenhou, me encheu o saco pra por no Correio, e não é que publicaram a carta dele? Ele é tão surtudo que quando foi comprar o jornal no sábado, tinha uma fotógrafa do Diário do Povo na banca e até o ajudou a procurar a carta dele. Ela falou para ele escrever mais vezes e mandar uma foto pra sair no Diarinho. Até a historinha do Cebolinha que ele pediu, publicaram..."

Mas o mais surpreendente foi ver o modo de pensar de cada um na época, assim descobri coisas que passavam em branco naqueles dias. Minha mãe contando sobre umas fotos 3X4 que tiramos, eu e meu irmão, com camisas que insistimos para ela comprar (horríveis!). A preocupação com nossas amizades, com o fato de ficarmos presos no apartamento cheios de energia dos 10, 11 anos....

Outro trecho da minha mãe, demostrando um típico problema familiar: "... Acabei de levar o Ju na escola e infelizmente colocaram ele de manhã. Vou ver se consigo trocar para a tarde, senão minha vida vai ser um rolo! Isto aqui vai virar um hotel com 3 horários de almoço: o do Fernando (meu pai), do Julian e do Cristian (meu irmão)..."

Me bateu uma tristeza por entender o que éramos e o que nos tornamos.

Éramos uma família de 4 pessoas felizes um com o outro, com a novidade de uma nova cidade. E esta nova cidade por ser grande e assustadora nos unia ainda mais. Lutávamos com os horários, com a falta de grana e o perigo eminente do desemprego.

Nos tornamos 4 pessoas sozinhas. Cada uma vivendo em uma casa diferente, pensando nos momentos de outrora e tentando compensar esta dor com alegrias passageiras.

Vou em frente, agora, com esperança no futuro e assim poderei recompensar isso um dia, com minha futura família.

03/02/2008

A Partida

Visão, olfato, som e tato.
Há algo lá fora que preciso muito
A visão de um som,
ou o toque de um cheiro
Ou a força de uma árvore,
com raízes profundas ao chão.
A mistério das flores, brotando,
depois surgindo e crescendo
Karma que me leva...
ao Sol, de novo
Voar ao Sol sem queimar as asas
Pra deitar no solo e ouvir a grama cantar
Para ter todas estas coisas...
na nossa curta memória
Para usar isto
Para ajudar
Para encontrar...
Julian Criscione (03/12/2007)