23/09/2010

Disappearing Act (2004)

    Me lembro bem daquele almoço, apesar de não me recordar do dia nem do mês. Talvez Agosto ou Setembro. Eu, meus pais e meu irmão nos sentamos à mesa como fazíamos todos os dias, aproximadamente às doze horas. Antes mesmo de nos servimos minha mãe disse que ela e meu pai tinham algo a nos contar. Nós já sabíamos o que era, ou pelo menos eu já imaginava. Eles já não se falavam muito. Iriam se separar. A primeira coisa que me veio à cabeça naquele momento foi que minha família estava sendo desmantelada. E eu não poderia fazer nada a respeito daquilo.
    Poucos dias depois meu pai se mudou para a casa de sua mãe. Um caminhão levou todas as suas coisas e um pedaço de cada um de nós. Foi um dia terrível, não pelo fato dele estar nos deixando, mas pelas coisas que aconteceram naquele dia. Eu tranquei a porta do meu quarto e atravessei a rua para a casa da minha avó. Não queria sequer ver a mudança. Eu tinha medo dele levar qualquer coisa que tenha me dado, e no momento que voltei pra casa e pus os pés no meu quarto foi exatamente isso que aconteceu. Ele a TV portátil, os discos e alguma outra tralha que me deu ou emprestou. Eu sentia muita raiva, sentia que ele queria me mostrar que estava rompendo qualquer relação comigo, fazendo o que estava fazendo. Mas algumas horas depois, quando ele já havia partido, voltei pra casa de novo e encontrei minha mãe e meu irmão lá. A casa estava escura e mais vazia. Nunca havia me sentido tão triste. Queria poder voltar no tempo e dizer para nós quatro para não cometermos os erros que nos levariam àquele dia triste.

21/09/2010

No Line on the Horizon

   As vezes me pergunto, será que antes de nascer fazemos um plano de vida? Será que abordar esse assunto seria entrar muito no assunto de religião e crenças? Talvez sim, portanto vou me manter cauteloso sobre isto.
   No começo deste ano (2010) retornei ao Brasil após algo tempo viajando. Vivi muito mais nos últimos 3 anos do que em 22 em casa. Conheci inúmeras pessoas, fiz muitos amigos, conheci a pessoa que agora amo. Isso tudo me faz pensar sobre quando eu estava vivêndo a plênitude da infância mas já pensando no futuro, fazendo planos de viajar pelo mundo. Tendo aquele sentimento de ansiedade, com a certeza que algo esperaria por mim lá fora. Será que apenas meu desejo me guiou até aquele exato dia em que embarquei num vôo para longe de casa, rumo ao mundo? Foi tudo um plano ou apenas linhas aleatórias escolhidas corretamente?
   São perguntas que deixarei em stand-by até o momento de se obter todas (ou pelo menos várias) respostas.
"Every night
I have the same dream
I'm hatching some plot
Scheming some scheme"

"Toda noite
Tenho o mesmo sonho
Estou elaborando um plano
Esquematizando algum esquema"