19/03/2008

Volta às Raízes


Voltar às origens nunca é fácil. Lembro de um filme com o Robert Downey Jr., que ví há alguns anos, do qual ele se reúne com a família na casa dos pais depois de anos ausente. Estou me sentindo esse cara.

Estou de volta à minha cidade natal, depois de 14 anos. Eu não diria que o sentimento de nostalgia me ronda, afinal esta cidade mudou assustadoramente. Não é mais uma cidadezinha caipira que eu estava acostumado, onde eu não sabia quem as pessoas eram mas todos sabiam quem eu era. Algumas ainda sabem, mas agora há tantas pessoas que vieram de fora que eu mesmo me sinto um visitante.

O motivo de eu ter vindo para cá foi a esperada viajem para a Inglaterra. Sabendo que aqui eu poderia voltar a ter as mordomias de ter almoço na mesa e roupa lavada e ainda sem gastar um centavo, não hesitei.

Bom, meu novo lar foi a casa do meu pai, onde também moram minha avó, minha tio, meu tio e minhas duas primas. Mas como as coisas comigo não ocorrem com normalidade e os lugares onde vivo são sempre excêntricos, meu quarto foi o cômodo que estava vago, o quartinho do lado de fora da casa onde até o momento estava sendo usado de depósito (de tranqueiras e móveis velhos). Na verdade não se pode dizer que "estava", pois ainda é usado para este fim. O que consegui fazer foi amontoar as caixas e tranqueiras num canto do quarto, e ficou assim até o teto. Nesta montanha de coisas você encontra desde tapetes enrolados até quadros de casamentos, forninhos de acampamento, gravadores antigos, baralhos milenares, ferramentas estranhas malas estampadas de xadrez, violão ganho pela minha tia nos anos 70 e até jornais datados anos 90, 80, 70 e possivelmente 60. Todos estes objetos reunidos me gerou a preocupação de abrigar família de baratas, ou um grupo mais populoso. Bom, o que aconteceu até agora foi que só ouvi barulhos vindos da montanha de tranqueiras, mas ver mesmo não ví nada. E espero não ver.

Mas é engraçado saber que neste mesmo quarto meu pai viveu quando tinha minha idade (mais de 30 anos atrás), e posteriormente outros membros da família também habitaram aqui. Mas eu mesmo nunca imaginei que viveria sob este teto, principalmente agora, com as goteiras.

Logo nas primeiras noites choveu, choveu muito. Eu tinha sido informado sobre as goteiras mas não pensei que fosse tão grave. Acordei no meio da noite com a goteira bem do meu lado, e a gota ao pingar no chão respingava na minha cara. Um belo modo de acordar alguém, claro. Lá fui eu cobrir a TV (a salvando da morte certa) , arrastar o colchão e pegar um balde. Mas notei que havia outra goteira no outro canto do quarto, próximo ao PC. Arrastar móveis velhos e mais balde. Vou me deitar e começo a ouvir pingos, agora em cima das sacolas, no outro canto do quarto.

E minha sina é arrastar móveis e colocar balde ou panela, parecia desenho do Pica-Pau.

Mas morar aqui é bom, tem speedy, gente pra conversar, comida, roupa lavada... nada melhor que umas férias antes de ir penar na terra da Rainha!

15/03/2008

Sometimes You Can Make It On Your Own.

Eu estava certo, o tempo não é relevante. De fato, ele não tem importância nenhuma em assuntos ligados a afetividade.
A noite de 14 de Março não correu como eu esperava claro. Se tivesse, o blog não teria tanta graça.
Estou refazendo este post. Quem está sempre por aqui sabe que as vezes refaço postagens, isso acontece porque muitas vezes, na hora de escrever, os ânimos se exaltam e saem palavras que posteriormente podem não trazer o tipo de retorno que se pode considerar seguro.
Se eu escrevesse aqui o que realmente se passa na minha cabeça a respeito dos que orbitam minha vida, muita gente ia me odiar.

14/03/2008

Parabéns Para Mim!

Muito tempo se passou desde minha última postagem. Tem gente que já deve estar imaginando que abandonei o blog. Isso não vai acontecer tão cedo, até porque logo este será meu único meio de dar notícias a respeito de mim para aqueles que me conhecem e desejam saber se estou vivo.
Engraçado que quando posto com freqüência, reclamo da falta de atividade ao meu redor. Que nada acontece e que a rotina impera. Mas quando coisas começam a acontecer não sobra tempo para escrever a respeito disso no blog, e nem mesmo sobra calmaria na mente, principalmente na minha. Tudo fica bagunçado e um turbilhão de pensamentos me impede de pegar no sono à noite.
Hoje é meu aniversário... Não que seja algo que traga muita animação, mas traz um ano a mais de percurso. Vinte e três, para ser mais exato. Não sou daqueles traumatizados que detestam o próprio aniversário, mas posso afirmar que ainda estou esperando um 14 de março legal, espero que seja este, pois no último eu chamei praticamente todas as pessoas que conheço para celebrarem comigo num bar mas o desfecho foi típico de filme de comédia, eu sentado na mesa sozinho até aparecer apenas uma das vinte pessoas que chamei. Mas foi bom, tentei me animar, afinal era uma amiga que conheci quando eu ainda borrava as calças, dormia com ursinho e chupava o dedo. Não que o tempo seja algo tão relevante, afinal minha própria mãe me conhece há quase 23 anos e não apareceu naquela noite.

13/02/2008

When You Were Young

Na tarde da última segunda feira, logo após o trabalho, peguei um ônibus para Agudos. Deveria ir pra lá para um exame de sangue no dia seguinte às 7:00 da manhã (diga-se de passagem: =\ ).

Cheguei na casa dos meus avós, tomei um banho, jantei.. conversa vai, conversa vem, minha vó me chama para mostrar um envelope A4 cheio de cartas. Cartas! Cartas escritar pela minha mãe, meu irmão e por mim em 1995, quando acabávamos de ter mudado da cidadezinha Agudos para a metrópole Campinas.

Bem mais tarde, quando estava pronto pra dormir, resolvi ver as cartas mais detalhadamente na cama. E que história... muitas lembranças perdidas, muitos momentos contados, tristezas compartilhadas...

Foi interessante ver meu irmão contando das gatinhas da escola, minha mãe contando que o chefe do meu pai queria que ele o secretariasse, organizasse reuniões pelo telefone, apresentações gráficas, etc.. "... o Fernando não consegue nem organizar a gaveta de cuecas dele, mãe!", ou contando sobre quando foi me levar na ecola no meu primeiro dia de aula da quarta série e nos perdemos na gigantesca escola. Ou até me ver contando sobre o incêndio que quase dominou nosso prédio e levou minha tartaruga pro céu.

Segue um trecho da carta da minha mãe: "Estou enviando o Diarinho (jornal) a vocês. O Julian escreveu pra lá, mandou uma história em quadrinhos que ele desenhou, me encheu o saco pra por no Correio, e não é que publicaram a carta dele? Ele é tão surtudo que quando foi comprar o jornal no sábado, tinha uma fotógrafa do Diário do Povo na banca e até o ajudou a procurar a carta dele. Ela falou para ele escrever mais vezes e mandar uma foto pra sair no Diarinho. Até a historinha do Cebolinha que ele pediu, publicaram..."

Mas o mais surpreendente foi ver o modo de pensar de cada um na época, assim descobri coisas que passavam em branco naqueles dias. Minha mãe contando sobre umas fotos 3X4 que tiramos, eu e meu irmão, com camisas que insistimos para ela comprar (horríveis!). A preocupação com nossas amizades, com o fato de ficarmos presos no apartamento cheios de energia dos 10, 11 anos....

Outro trecho da minha mãe, demostrando um típico problema familiar: "... Acabei de levar o Ju na escola e infelizmente colocaram ele de manhã. Vou ver se consigo trocar para a tarde, senão minha vida vai ser um rolo! Isto aqui vai virar um hotel com 3 horários de almoço: o do Fernando (meu pai), do Julian e do Cristian (meu irmão)..."

Me bateu uma tristeza por entender o que éramos e o que nos tornamos.

Éramos uma família de 4 pessoas felizes um com o outro, com a novidade de uma nova cidade. E esta nova cidade por ser grande e assustadora nos unia ainda mais. Lutávamos com os horários, com a falta de grana e o perigo eminente do desemprego.

Nos tornamos 4 pessoas sozinhas. Cada uma vivendo em uma casa diferente, pensando nos momentos de outrora e tentando compensar esta dor com alegrias passageiras.

Vou em frente, agora, com esperança no futuro e assim poderei recompensar isso um dia, com minha futura família.

03/02/2008

A Partida

Visão, olfato, som e tato.
Há algo lá fora que preciso muito
A visão de um som,
ou o toque de um cheiro
Ou a força de uma árvore,
com raízes profundas ao chão.
A mistério das flores, brotando,
depois surgindo e crescendo
Karma que me leva...
ao Sol, de novo
Voar ao Sol sem queimar as asas
Pra deitar no solo e ouvir a grama cantar
Para ter todas estas coisas...
na nossa curta memória
Para usar isto
Para ajudar
Para encontrar...
Julian Criscione (03/12/2007)

21/01/2008

A Day In The Life


8:10

Acordo pelo despertador do celular, perto de mim. Abro os olhos com uma preguiça extrema e apenas após o despertador tocar 3 vezes as primeiras notas de Miracle Drug consigo levantar.

Pouco depois estou saindo de casa, rumo ao trabalho. Não posso reclamar, fica há apenas 2 quadras de casa. Nas ruas não há ninguem. Nenhum carro, nenhuma pessoa indo ao mercado. Nenhum cachorro vira-latas dando sua caminhada matinal.

Quando chego abaixo pra destravar a grande porta de ferro, a levanto, destranco a porta de vidro e desativo o alarme. O lugar é o mesmo que venho vendo nos últimos 16 meses da minha vida, uma loja de celulares.


9:00

Faço uma breve limpeza na minha mesa, ligo o filtro de água, o rádio, as máquinas de cartão de crédito, as impressoras, os ventiladores de teto, meu computador e o servidor no fundo da loja. Coloco os celulares na vitrine, pego a chave na minha gaveta e abro a loja.

Dou uma passeada pelo Orkut, e-mail, formulários da TIM.. papelada chata... canto uma musiquinha... fazia tempo que não ouvia Beatles...

Ninguém entra no lugar, ninguém telefona. No MSN não há ninguem, apenas meu próprio nome on-line. Me faz pensar: como adicionei a mim mesmo no MSN?


12:00

Desligo o monitor do PC, apanho meu celular, minha carteira, meus óculos escuros e saio pela porta de vidro. Caminho 3 quadras até a rua Gustavo Maciel onde ao contornar à esquerda já vejo o Restaurante Quintal. Apesar do nome, ele não é num quintal, é muito agradável o lugar e não lota tanto como em outro. Mas não há absolutamente ninguém neste momento. Eu contorno o caminho da fila para passar pelo churrasqueiro e quem sabe pedir um medalhão de frango, ou um cupim. Mas como ele não está passo direto, até o balcão das comidas. Coloco mais feijão e menos arroz, mais batata-frita e menos salada. Apanho os talheres e me sento na mesa habitual, perto da TV para eu poder ver um pouco do jornal. Se houvesse alguma compania eu escolheria a mesa na varanda do restaurante, onde é mais agradável e dá um clima mais "externo".

Em vinte minutos já tenho terminado e estou satisfeito. A caixa não está lá para cobrar, portanto apenas me levanto e saio pela porta.


15:00

Ninguém. Dá vontade de me comunicar um pouco, então procuro no computador alguma música que eu saiba cantar. Quem sabe aquela do Elvis, Burning Love!


18:00

Hora de ir embora, e é hora do rush. Mas nenhum carro buzina, nenhum ônibus corta a avenida, ninguém atravessa a rua correndo. Guardo os aparelhos, desligo tudo, baixo a porta de ferro, aciono o alarme e vou-me embora.

Chego em casa em pouco tempo. O lixo ainda está do lado da árvores. Os lixeiros devem estar de greve! Abro o cadeado, entro pelo portão, atravesso a varanda e destranco a porta da sala. Entro pela porta do meu quarto e me esparramo na cama, descansando por 5 minutinhos apenas. Levanto, vou até o banheiro tomar um banho.


19:20

Deitado na cama assisto um pouco de TV, apenas há desenhos... e jornal exageradamente trágico... jogo um pouco de poker no celular, leio algum livro que está em cima da mesinha do canto, ou um anúncio de TV a cabo qualquer...


20:00

Ligo o PC, já coloco alguma música... ligo a internet. Ninguém no MSN ainda, nenhum recado no Orkut e não há e-mails novos... Nada mais resta a fazer senão escrever um pouco no blog, me sinto inspirado hoje!


23:30

Desligo o PC, vou até a cozinha e da geladeira retiro um pote de 2 litros de sorvete. Ao invéz de pegar um potinho e um talher, pego apenas a colher e ja vou experimentando a caminho do quarto. Ninguém liga, ninguém aparece em casa. Coloco algum filme no DVD... Ainda não terminei de ver Yellow Submarine!


0:45

Escovo os dentes, saio pela porta da sala até a varanda apenas pra dar uma olhada no céu. Um silêncio tão grande que ecoa pelos quilômetros que me cercam. Nenhuma voz, nenhum som de carro ao longe. Está esfriando! Entro, tranco a porta da sala. Ja vou em direção ao quarto. Tranco a porta do quarto, pego uma garrafinha de água que está sob a mesa do computador e coloco ao lado da cama. Ajusto o despertador do celular, coloco a TV em um canal qualquer para dar sono e apago a luz.


1:50

Desligo a TV, viro de lado, fecho os olhos e me pergunto:
"Estou invisível para o mundo ou o mundo está invisível para mim?"

03/01/2008

Quando Eu Olho Para Mim


A maioria das pessoas quando entram num ano novo tem a convicção de terem pela frente um ano ótimo, muito melhor que do que aquele que acabou de terminar. Isso é um fato. Mas e quando você já começa o ano na lama (para não dizer palavrão)?

O que aconteceu nos últimos dias de 2007 e primeiros de 2008 foi que em praticamente todos os dias eu briguei com alguém. Nem sempre essas brigas são causadas por mim, devo deixar claro. O problema é que não tento mais amenizar estas discuções. De fato, eu as pioro, e de propósito. Me sinto culpado por isso... minto, não me sinto. Mas sinto que preciso mudar isso, pois está me incomodando e eu não gosto da pessoa que me tornei. Voltar a ser a pessoa que eu gostava de ser. O problema é que a última vez que eu gostava de quem era eu tinha 9 anos de idade. Sei que preciso mudar, por isso estou iniciando algumas mudanças na minha vida a partir de ontem. Relacionadas a meio social, principalmente. Também envolvem mudanças em mim mesmo, claro. Eu não seria tão arrogante de não achar que tem algo errado comigo.


Hoje passei boa parte do dia pensando sobre todas estas coisas e cheguei a uma resposta do porque ano agindo assim. Mesmo querendo negar, é um problema de auto-estima. Esse problema foi causado pelas muitas rejeições de dezembro. Não só amorosas, mas em relacionamentos no geral. Pior que são rejeições decorridas de ilusões, ou seja, a pessoa demonstra grande consideração por você e de repente pisa na bola de uma maneira que magoa até a alma dos meus futuros netos. E com isso me sinto mal. Sendo somada a outras situações iguais me emerge esta baixa auto-estima.

Com essa baixa auto-estima vem um sentimento diferente, não de vingança, mas de justiça. Justiça contra mim mesmo, não medindo palavras a quem me ofende e fazendo assim me odiarem.


Descobri que meu desejo oculto, neste momento, é fazer todas as pessoas que eu conheço me odiarem. Isso porque quanto mais só eu estiver, menos chance de me magoar terei.


Isto é um fato, sabemos. Um modo mais fácil de se viver, mas mais amargo.

Tenho certeza que não é isso que quero, até porque em poucos meses estarei embarcando para uma vida nova e não posso fazer esta transição estando em cima da minha própria nuvem apenas.

Procuro respostas vindas de mim mesmo.



Quando você olha para mim
O que é que você vê?
As pessoas encontram todo tipo de coisas
E trazem até você
Eu vejo um sentimento
Tão claro e tão verdadeiro
Que muda o clima
Quando você entra no ambiente

Então eu tento ser que nem você
Tento sentir como você
Mas sem você não tem jeito
Eu não consigo ver o que você vê

Quando você olha para mim
Quando a noite é de outra pessoa
E eu fico tentando dormir um pouco
Meus pensamentos são muito caros
Para querer permanecer com eles

Quando há todo tipo de conflito
E tudo mundo caminhando com dificuldade
Você nem pisca agora, não é?
Nem olha de longe

Então eu tento ser que nem você
Tento sentir como você
Mas sem você não tem jeito
Eu não consigo ver o que você vê
Quando você olha para mim

Eu não consigo esperar mais
Eu não posso esperar até ser mais forte
Não consigo esperar mais
Para ver o que você vê
Quando você olha para mim
Eu estou na sala de espera
Não consigo enxergar por causa da fumaça
enso em você e em suas palavras
Enquanto o resto de nós espera

Me diga, me diga... o que você vê?
Me diga, me diga... o que há de errado comigo