30/08/2007

O Céu Pode Esperar.


Ontem vi a morte de perto. E ela sorriu pra mim e disse “ainda não”!Sendo sincero: eu sempre achei que morreria cedo, daqueles que a família comenta: “mas ele era tão novo!”, sabendo que teria muita coisa pela frente vejo que são possíveis todos os planos serem absolutamente momentâneos. Talvez seja por isso que não me imagino com quarenta anos, casado e com filhos. Talvez eu não alcance estas imagens de 2025.
O que trouxe a tona este assunto que me vem tirando o sono foi o ocorrido de ontem, 29 de agosto, às 18h45min. Vindo eu do trabalho para casa, passei no mercado para comprar algumas coisas. Estava já escuro pelo anoitecer e eu vinha andando carregando algumas sacolas e ouvindo Human Condition, do Richard Ashcroft no fone de ouvido quando atravessei a avenida que cruza minha rua. Distraído pela empolgante música e pela estonteante presença da garota de perfume entorpecente que andava poucos metros à frente, do outro lado da rua, atravessei a avenida olhando apenas para um dos lados e o esperado aconteceu. Eu escutei um som de pneus perdendo os cabelos no asfalto e me deparei com a presença de um ônibus, cujo farol esquerdo pude sentir o calor, tamanha proximidade. A freada daquele monstro me serviu para provar que meu problema de paralisia em situações me pavor não está curada. O motorista do ônibus certamente expressou sua ira contra minha presença, mas eu prefiri nem olhar para ele, tamanho constrangimento e pavor.
Percorri o resto do percurso pra casa pensando na minha vida e no porque de eu ter sido poupado, numa situação de morte certa. Pensei nas pessoas que já amei, nas pessoas que poderiam sentir minha falta, ou não. Pensei que poderia ser injusto eu morrer sem realizar o desejo futuro de construir uma família, de viajar pela Europa e aprender a instalar um chuveiro.Claro, a maioria as pessoas que morrem gostariam de ter feito muitas coisas dos quais não fizeram, e não me considero a pessoa certa a decidir se posso morrer ou não, mas se eu morrer agora digo a vocês que aprendi um pouco com cada pessoa que passou pela minha vida.
Deixando de lado esse dramatismo, neste tempo que andei pensando desde o quase-acidente, me dei conta que a razão de eu não ter morrido é que minha vida ainda será e grande valia a alguém antes disso acontecer. E cheguei a essa conclusão esta noite. São 3 os filmes que estão em cartaz no cinema e eu quero ver. Hoje fui ver um deles, sozinho, por opção própria. Alias, eu gosto de sair sozinho as vezes, mas não gosto de solidão. Não gosto de encontrar conhecidos quando quero ficar sozinho e foi exatamente isso que aconteceu hoje. Quando me dirigia para a fila de entrada me deparei com um conhecido, sua namorada, sua irmã e o cunhado. Achei um saco ter que sentar junto a eles. Eu odeio que fiquem falando durante o filme, por isso sento sozinho. Ainda bem que o filme era ruim, então nem me importei tanto com a presença deles. Na hora de ir embora eu gostaria de ir a pé, pois gosto de caminhar a noite, mas a carona deles foi insistente e inevitável. Mas quando cheguei em casa comecei a policiar melhor meus pensamentos: talvez eu esteja sendo egoísta, anti-social e individualista....! Realmente não sei explicar por que não gosto de me enturmar com um grupo de seres humanos. Imagino que seja porque os humanos são instáveis e imprevisíveis, de um modo ruim. Penso que desdobro e revelo minha pessoa apenas quando me aproximo de 1 pessoa apenas e esta me agrada (o que não é difícil, vide post "Um Breve Comentário").
Mas que se dane, sou mais feliz assim. Espero não morrer até ter feito algumas coisas das quais desejo, enquanto isso os ônibus que poupem minha desatenção.

20/08/2007

O Novo Apê


   Mudança nunca é uma coisa agradável de realizar. Na verdade não sei o que é mais desgastante: procurar um novo lar, arrumar seus pertences ou realizar a mudança. Vou contar aqui como foi a inauguração do meu novo lar e fica a critério de você julgar e trazer esta resposta.Já há algum tempo eu estava de olho neste edifício e em qualquer apartamento que poderia aparecer para alugar. Conheci o prédio graças a uma amiga que mora nele, gostei do lugar e da localização por isso fiquei interessado e quando me decidi por mudar do meu antigo apartamento, já quis saber se havia algum vago. Por algumas complicações burocráticas por parte da imobiliária, fui obrigado a desistir e comecei a procurar outros. Mas por ironia do destino, nenhum dava certo, nenhum me agradava. E duas semanas depois recebo uma ligação da corretora de imóveis me informando que a reforma no tal apartamento que eu primeiramente vi estava acabada e que as complicações burocráticas poderiam ser dobradas. Assim, vim conhecer junto a ela o lugar e adorei logo de cara. Muitos o julgariam pequeno, mas para quem já morou num lugar de 3 metros quadrados de apenas um cômodo, aquilo era um castelo. Alem do mais, não faço questão de ter um lar grande, pois o trabalho de limpar seria compatível ao tamanho do lugar. Sem pensar duas vezes fechei negócio e em apenas quatro dias eu já estava assinando o contrato e tendo em minhas mãos o contrato. Meu irmão, estando passando por complicações sérias de moradia, solicitou habitar meu novo lar até dezembro, quando estaria apto a locar seu próprio lugar, eu aceitei pelo fato de que eu coincidentemente estou apertado de grana até dezembro; por ainda não ter geladeira, fogão ou TV e pelo fato dele ser meu irmão. Sabendo que em três meses ele irá embora, terei que completar a casa com estes tais objetos que me faltam logo, pois quando ele for, levará embora os dele. Para quem acha que o apartamento pode ser ruim, segue abaixo a planta do mesmo que recebi da imobiliária, coisa que nunca me entregaram antes n0s 27 lugares que morei anteriormente. Devo dizer que para alguém que não tem costume de instalar um chuveiro como eu, chegar num lugar onde já há um chuveiro instalado, todas as torneiras funcionam, o sinal da TV é bom, há lâmpadas instaladas e não fios pendurados nos tetos, estas coisas te fazem gostar mais ainda da nova vida. Principalmente por causa da sacada com vista panorâmica, do terceiro andar. Enquanto você divide a casa com alguém, não consegue deixar ele verdadeiramente com a “sua cara”, mas em três meses isto se realizará e o primeiro Apê do Coala será de fato inaugurado.
A procura por apartamentos é sempre algo engraçado e trágico ao mesmo tempo. Engraçado pelas coisas estranhas que se vê e trágico pelas coisas estranhas que se vê. Contei ter visto 9 apartamentos pela cidade em uma semana, e digo que foi algo bem exaustivo.

A mudança foi um episódio a parte, só consegui um caminhão para aquele sábado, e este era consideravelmente grande. Pensem num vagão de trem. O caminhão era bem maior. Utilizamos apenas 1/3 do espaço do veiculo, e não porque tínhamos poucas coisas, tínhamos bastante coisa até. Tanto que o sofá não entrava no apartamento. Ao chegar no condomínio, o caminhão não passava pelo portão da garagem, por isso teríamos que transportas as coisas trazendo da rua. Porém, também não havia lugar para estacionar na rua, o caminhão exigia um espaço físico que logicamente não era cabível no Planeta Terra. Então o senhor estacionou o volumoso veiculo na entrada da garagem, o que acabou gerando certa ira da faxineira, que é responsável pelo que se procede no condomínio. Mas com o aparecimento dos meus avós que vieram ajudar (sim, parece irônico, mas meus avós foram de grande valia nesta mudança) e pouco depois da minha mãe, o transporte correu até que rapidamente. A parte triste foi na hora de pagar o caminhoneiro. Quando tirei um bolo de reais da minha carteira senti lagrimas correndo pelo meu rosto que não sentia há tempos. Nunca me doeu tanto gastar 160 reais. Já que o sofá não caberia no apartamento, saímos eu e minha mãe cidade afora, naquele mesmo momento, procurando algum lugar que poderia trocar por um sofá maior ou comprar tal estorvo, seja qual fosse o valor oferecido. Mas parece que praticamente ninguém é muito disposto a trabalhar nos sábados, pois voltamos de mãos vazias e enquanto isso o sofá ainda aguardava o que seria de seu destino, parado na garagem do prédio ocupando a vaga de um veículo inteiro (digamos, de uma Kombi). Ao final de tudo, o sofá coube, todo o resto coube e tudo está bem. Agora o apê está oficialmente pré-inaugurado, digo isso porque ainda não é possível convidar a todos para conhecer o lugar, mas em dezembro realizaremos uma comemoração e a inauguração oficial. Todos estão convidados!

07/08/2007

Mulheres São Como Uma Caixinha de Chocolates.

Uma vez uma amiga me disse que sou um cara pronto pra uma vida a dois. Quando ouvi isso não sabia se me sentia ofendido ou contente. Acho que optei pelo ofendido. Porra, quer dizer que não sou capaz de ser um bastardo ao ponto de ser chamado de cretino? Claro que sim, prova disso é que fui chamado de cretino algumas dezenas de vezes, ao que me lembro. Mas talvez o fato de eu parecer submisso a alguma amada seja pelas lembranças da sonoridade do poder da mulher, trazida pela minha mãe nos tempos de família feliz (extintos), quando sua voz era a mais alta da casa, fazendo seu marido e dois filhos, três homens, se calarem de prontidão. Hoje encontramos todo tipo de mulher no mundo, mas sempre tem o seu “tipo” preferido. Eu diria que meu tipo é alguma bem diferente da minha mãe. Sem ofensa, mãe.
Mas a fatia de insegurança dos homens é equivalente à instabilidade das mulheres, elas apenas disfarçam (bem) melhor. Eu diria que minha mãe disfarçou bem por muitos anos, por isso quero alguém oposto. Pois se eu tiver alguém instável estará tudo bem, pois saberei que um dia poderei ser largado e se tiver alguém tão seguro do futuro quanto o sucrilhos está certo do leite, estarei tranqüilo quanto a um possível divorcio.
Já fui largado algumas (várias) vezes, mas adivinham garotas: Eu já sabia antes!!! Hahaha, eu sabia que você viria e me diria em 10 minutos que não dará certo e blá blá blá. Isso porque até hoje todas as garotas com que tive algo eram da segunda opção: As instáveis. Então eu já vivia minha vida esperando a hora em que viriam me dar aquele belo pé na bunda. Sendo assim, me serviram para criar o desejo de quando surgir a opção 3: A Segura, eu lutarei bastante para não perder. Enquanto isso, estas que identifico como “As Instáveis” jogaram em mim, para acompanhar o resto das palavras nada carinhosas, a justificativa que sou inseguro. Uma bela e nada criativa justificativa de pé na bunda porque mulher “Segura” não precisa depender de segurança de cara nenhum. Precisar dessa segurança é apenas mais uma prova que ela é a segunda opção: “A Instável”. Mas estas Instáveis não sabem de nada, não leram James Joyce! Eu só finjo que sou inseguro, assim como uma mulher finge que é estável emocionalmente. Afinal, se a garota pensar que sou inseguro e mesmo assim não me dar um pé na bunda, é porque ela realmente vale a pena!

Futuro Não é Coisa da Vovó.


Meus amigos, eu os digo: certas coisas da vida são feitas para não serem feitas. Temos constantes provas disto, a todo o momento em todos os dias de nossa existência. Algumas delas eu simplesmente preferi teimosamente insistir, claro, sem sucesso. Eu deveria, por exemplo, ter parado de tentar tocar guitarra no momento que percebi que jamais tocaria sem desafinar. Isso teria me poupado de alguns vários momentos de constrangimento.
Bom, mas não vem ao caso desenterrar o passado. Vale apenas lembrar o fiasco amoroso do começo deste ano, onde uma série de eventos resultou em uma noite chuvosa, uma cama quebrada e um fora que entrou na lista dos TOP 10.

Levanto uma questão a respeito deste dia: Vale a pena se dedicar a alguém amado? Aliás nem precisa ir muito longe, pode ser alguém que você nem ama ainda, algum começo de relacionamento onde você tenta ao máximo dar um jeito de fazer a coisa andar. Depois de cometer estes singelos, porém significativos atos e depois ser largado como um tênis velho comecei a acreditar que a resposta a esta questão é não. E não digo isso por desilusão, mas por puro aprendizado. Sabendo nós que o coração humano é frágil, comecei a fazer as contas até me dar conta que talvez não valha a pena se sacrificar amorosamente sem retorno garantido, por menor que seja este retorno. Bom, mas como isso é uma opinião que exige distintas visões, venho a sair desse assunto.


Venho me sentindo meio velho ultimamente. Sei que parece paranóia minha, afinal tenho menos de 25 e mais de 20 anos, mas tudo ao meu redor parece caçoar da minha cara mandando sinais incorporados em pessoas vivas. Para ser mais claro vou aos exemplos:


· Um primo mais novo que eu já se casou
· Outro primo um ano mais velho que eu já se casou
· Este mesmo filho já tem um filho
· O primeiro primo mencionado já tem uma filha
· O primeiro e o segundo primo já tem a responsabilidade de levar o lixo pra fora
· Vários outros primos, sendo mais velhos, mais novos ou da mesma idade que eu já namoram.


Ou seja, é como se tudo ao seu redor estivesse envelhecendo e você continua igual. Não que eu queira ter filhos já (pelamor!) ou casar (pelamor também), ou que eu queira levar o lixo pra fora... afinal já faço isso desde já... mas esse sentimento é tão contraditório quanto convidativo a um jogo de poker: é um medo de envelhecer junto a uma sensação de estagnação. As vezes me sinto o cara mais anos 90 do mundo. Tão anos 90 que as Spice Girls se sentiriam no auge novamente. E isso também não é paranóia. Minha mãe, por exemplo, freqüenta as maiores baladas da cidade, as festas mais concorridas, os sites de “eu tava lá” mais famosos da região e ninguém faz idéia da idade dela. Alias, se eu dissesse aqui a idade dela com certeza eu sentiria a vingança de uma mãe furiosa. Mas enquanto isso, eu freqüento bares, botecos, botequins, restaurantes, casas de amigos e todo tipo de programa de índio ou casaizinhos “eu pago hoje”.

Tem gente que acha que sou mais velho que minha mãe, aliás prefiro dizer tem gente que acha que minha mãe é mais nova que eu. Mas o fato de eu não gostar do clima apocalíptico das baladas desde os meus 17 me trouxeram este ar idoso e este olhar cansado. Mas isto é o que os baladeiros me dizem, pois já eu penso que estou sempre disposto a um programa de índio ou uma bagunça. Podem perguntar para quem costuma sair comigo, não rejeito um convite de ir pra (quase) lugar nenhum.

04/08/2007

A Vida Não é Fácil, Meus Amigos.


Tendo eu passado por dias turbulentos, não tive muito tempo para escrever no blog “O Apê do Coala”, mas agora, vendo por outro ângulo, é até interessante retratar aqui o que anda acontecendo.
Eu venho dividindo um outro apartamento com uma colega. Namorada de um amigo. Pode parecer BEM estranho, mas é bem mais simples, na verdade o que aconteceu durante esse período de divisão de ambiente foi o contrário do que muitos supunham. Nós não vivemos tão harmoniosamente quanto gostaríamos. Na verdade foi um pé de guerra constante, regada a discussões e acusações. Mas é claro, tudo nessa vida tem dia e hora marcada para acabar. E o dia está próximo para alegria de muitos. Me dei conta que se eu quisesse preservar a amizade com meu amigo deveria sair logo de lá. Comecei então a pensar mais seriamente sobre isso.
Eu assumo, sou de difícil convivência. Minha prima vive me dizendo que eu tenho que morar sozinho, pois tenho personalidade forte e ninguém me agüenta. Bom, isso é verdade, tanto que já fui expulso de alguns lugares e ameaçado de morte caso voltasse em outros. Mas eu já vejo de outro modo: minha amizade mais significativa já tem muitos anos de duração, acho que já falei sobre ela antes, ela mora em Campinas e me conheceu na escola na época eu morei lá. Pois é, já são alguns anos me suportando, e poucos conseguem. Outra pessoa que me tolera é outra amiga, de Agudos, essa sim merece um prêmio, pois me agüenta desde, digamos, sempre. Desde que nascemos. Sei lá, vai ver mulher me tolera mais do que homem, tem até uma outra amiga minha, esta de Bauru, que atormentei uma vez que me excedi na vodka... explorei a chance de agarra-la, vomitei em cima dela e ainda a fiz me carregar. O tipo de atitude que faria muita gente nunca mais querer te ver, nem pintado de ouro. Mas ela ainda fala comigo, inclusive será minha futura vizinha.
Pois é, já vi gente difícil pra se conviver e são bem diferentes do meu perfil. Geralmente são falantes demais (bom, eu sou um pouco também), porcas, folgadas, irresponsáveis e teimosas. Morei com um cara que ouvia toda hora a mesma música, e ligava inclusive nas madrugadas pacíficas, quebrando o silêncio corrente. Isso é ser chato!
Mas eu concordo com a minha prima, eu tenho que morar sozinho mesmo porque já fiz isso antes e sei que foi o tipo de vida mais adaptável a mim. Então, semana que vêm estarei visitado pela primeira vez o apê e fazendo os acertos finais de inauguração, para me instalar em definitivo.
Já mudei 21 vezes na minha vida, mas eu diria que venho mudando menos nesses últimos tempos. Em 2004 foram 6 mudanças, em 2005 3 mudanças, em 2006 4 mudanças e em 2007 ainda não houveram nenhuma! Será a primeira e única.
Enquanto a burocracia da imobiliária me tira o sono, pego meu violão em casa e tento sem sucesso sonorizar Beach Boys.

“I wish they all could be Califórnia girls..."