30/05/2007

E Quem Disse???

Wow, e de repente eu estava lá, em frente ao McDonald’s pronto para entrar novamente depois de 4 anos. Desde que trabalhei lá, em 2003, jurei que não daria mais um centavo aquela organização comestível detestável. Mas naquele momento de uma tarde de Maio de 2007 eu já não tinha escolha.
Naquela tarde eu senti coisas estranhas, novas. Saí do trabalho às 15 horas e fui de encontro a uma amiga de 23 anos e seu filho de 4 anos, no calçadão da cidade. Posso dizer, cavando minha própria sinceridade, que venho me sentindo mais atraído a ela desde que ela terminou com o namorado, de forma trágica e traumatizante, há algumas semanas. Acompanhei-a e o filho pelo resto da tarde e mais tarde fomos ao Mc para agradar ao garoto. No momento em que eu pegava uma bandeja de Mc Lanche Feliz com um Batman dentro da caixinha para o garoto, me deu um arrepio momentâneo. Senti-me como um amigo meu, que tem 33, é casado e tem três filhos, lembrei quando ele me conta de quando leva os filhos ao McDonald’s.
Engraçado que não me veio aquele sentimento que sou novo demais para esse tipo de situação. Afinal essa amiga tem apenas um ano a mais que eu e já vivencia isso constantemente. O sentimento que me veio foi que eu devia me preparar com aquilo, pois talvez não venha a demorar a concretização disto.
Caramba, e meus planos de vida???

25/05/2007

Vagalume


Engraçado... quando eu era pequeno caçava vaga-lumes no quintal de casa pra colocar no quarto a noite, só para ficar observando-o voar pelo quarto piscando aquela luz amarela.

Hoje, anos depois, a situação se reverte. Como ontem a noite, eu tentando desesperadamente capturar o vaga-lume que entrou no meu quarto pela janela, me impendindo de dormir . Como é dificil expulsar um inseto deste. Se você acende a luz fica dificil encontra-lo, então seguindo-o no escuro pode ser guiado por sua luz, mas quando ele apaga e se enfia dentro da TV ou na orelha do gato a coisa complica.

Bom, mesmo tendo envolvimento com um certo livro a respeito de vaga-lumes há alguns anos, isto não minimizou meu desejo de colocar um para fora de casa. E isto ocorre por dois motivos, por ser um inseto e por piscar uma luzinha chata perto de você enquanto tenta dormir após um dia exaustivo de trabalho.

E faz-se a luz.

09/05/2007

Canoa Furada!


Sou sincero, não sei nadar. Nem sei ao menos boiar. Isso já trouxe conseqüências bem ruins, a meu ver. Significa que quase me afoguei diversas vezes. E não é por falta de vontade que nunca aprendia nadar, já tentei muitas e muitas vezes aprender e muitas pessoas tentaram me ensinar. Quando eu tinha mais ou menos oito anos de idade meus pais me colocaram numa escola de natação com o objetivo de me submeter ao primeiro de vários estágios para eu aprender a sobreviver sozinho (do quais foram necessários dez anos depois). Foi uma grande frustração a ambos, pois eu nunca consegui aprender, não largava a boinha de colocar no braço por nada. Se não fosse constrangedor eu as usaria até hoje. Naquela mesma época, eu costumava assistir filmes de piratas com meu avô durante as tardes. Eu adorava aquilo, devia ser emocionante ser um navegador sujo e alcoólatra que brigava em bares e era chamado de verme em público. Mas o prazer maior seria navegar, com aquele sentimento de liberdade a bordo. Era isso que eu queria, ingenuamente, ser. Imaginava que se não conseguisse atingir meu megalomaníaco objetivo de vida, que era ser John Lennon, então eu teria um barco e não faria outra coisa na vida a não ser navegar.
O tempo passa e você percebe que não é tão fácil alcançar estes planos insanos de infância, então acabei trabalhando para operadoras de celular. Que maravilha. Mas é estranho como às vezes, quando estou enrolando na minha mesa fingindo que estou trabalhando, me pego admirando o horizonte e sentindo o vento numa praia apenas esperando embarcar. Então sou interrompido por alguém querendo comprar recarga para um celular velho. Eu não sei o que me atrai tanto a isso, talvez seja o puro sentimento de liberdade, algo que eu tanto prezo nesta vida e sei que é uma das coisas que mais nos é ausente. Eu acredito que se fosse fácil irmos de um país a outro neste mundo, seríamos pessoas imensamente mais felizes. Talvez eu tenha um problema com essa coisa de ficar muito tempo no mesmo lugar, pra mim fazer isso é o mesmo que estar preso. Estando um ano nesta cidade eu já estava ficando maluco pra ir para outra. Se não pudesse sair pelo mundo afora navegando, queria subir numa moto e sair rodando América acima. E a parte irônica disto é que eu não sou muito adepto a motos, acredito que numa única queda você pode ganhar uma passagem de ida pro andar de cima. E também sei que se cair no mar é um abraço, pois sei nadar tão bem quanto um tijolo.
Mas seja navegando num barco, pilotando uma moto ou voando num OVNI, acredito que todos deviam buscar dentro de si o rumo á liberdade. Não se acomode com sua vida, não aceite o suficiente. Não existe “o suficiente”, isso é o mesmo que “o limite” e para o coração humano não existe limite.
Cá abaixo, uma música que me faz lembrar um pouco desta liberdade que se remete em desejo.

“Feche a porta, o sol vai se por.
Acenda o fogo, não deixe o frio entrar.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.
.
Encontrarei um barco pra tomar conta
Cheio de esperança pelo passo que darei.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.
.
Passei muito tempo ouvindo o capitão do mar,
Gritando ordens a tripulação; Ninguém escutava além de mim.
.
Navegando, sem um nó amarrado.
Levantando a vela, vento forte vem chegando.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.
.
Feche a porta, o sol vai se por.
Acenda o fogo, não deixe o frio entrar.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.”

07/05/2007

Dez Real

De onde venho às pessoas eram presentes diretamente na vida umas das outras. Era, no passado, uma cidade onde praticamente todos se conheciam e com isso vêm aquele desagradável sentimento de falta de individualismo, aquele necessário na nossa vida. Mas não permaneci lá tempo suficiente para me tornar assim, nos anos decorrentes vivi em uma cidade bem maior. Nessa época que você ainda está definindo sua personalidade, você pega traços da sociedade em que vive para formar seus próprios valores. Digamos que eu fiz o possível para tornar meus valores únicos, e não para ser diferente, mas por saber dosar os caminhos incorretos que criamos para si. Talvez um desses valores seja a idéia da responsabilidade que temos sob a vida humana. Eu via que quanto mais as pessoas se acostumassem com a morte brutal de um assassinato, suicídio um homicídio ou latrocínio, elas também se acostumava com a idéia que isso é normal. Mas não se pode acostumar com a morte.
Lembro que um dos meus primeiros contatos com essa violência urbana foi quando fui assaltado pela primeira vez. Eu estava com meu irmão, demos 10 reais para um maldito viciado. Eu tinha 13 ou 14 anos, mas lembro bem de esconder ao máximo a raiva que senti disso. Não por ser assaltado, mas por ver alguém que me importo tendo a vida ameaçada por um verme suburbano. Depois desse assalto, ainda sobrevivi a mais 13, mas por mais que eu fosse ameaçado com um revolver ou uma faca eu ficava apavorado quando alguém da minha casa chegava dizendo que foi assaltado. Minha vontade era de sair pela porta atrás do desgraçado com uma barra de ferro e faze-lo pedir desculpas. Talvez esses fatos tenham sido o que criou a violência que aprisiono ao máximo dentro da alma, tendo ela escapado algumas vezes tempos passados.
Certo dia eu estava andando pelo comércio da cidade e vi um alvoroço na frente de um edifício empresarial. Um certo funcionário desta empresa, cuja função era permanecer no elevador levando as pessoas para cima e para baixo, e cansou de pagar contas e gastar todo seu salário com sua própria sobrevivência e resolveu se atirar do 11º andar, tendo o azar de antes de atingir o chão ainda cair sob o letreiro da empresa que ficava na entrada do prédio. A polícia bem tentava esconder a cena do qual todos em volta tinham a grotesca curiosidade de ver, mas quando os oficiais precisaram tirar fotos tiveram que levantar o pano que estava sob o corpo. Aquilo foi bem horrível, eu mesmo preferia não ter olhado, o sujeito virou uma panqueca e parecia que alguém colocou ele dentro de um microondas, pois ficou todo deformado e com os membros todos desordenados, com um pé do lado da cabeça, etc.
Algum tempo depois eu estava indo a algum lugar e andava numa grande avenida da cidade, passei do lado do prédio do CityBank. Tive a falta de sorte de passar bem na hora que alguém estava fugindo do banco com uma arma na mão. Eu ouvi alguém gritando para parar e olhei para trás, pela porta do prédio saiu um sujeito correndo, carregando uma arma e atrás dele outro sujeito apontando uma arma. Eu era a pessoa mais próxima dos dois, o prédio ficava de esquina e eu estava na esquina. Meu coração pausou por um momento e eu gelei. Não consegui abaixar, correr, fazer porra nenhuma. O primeiro cara parou, temendo levar um tiro e o outro o rendeu. Decisão certa, rapaz! Até hoje não sei o que estava acontecendo lá, pois o cara estava bem-vestido demais para ser um assaltante de banco. E ninguém rouba um banco sozinho. Depois daquele fato eu me policiei para nunca mais paralisar em momentos de tensão. Afinal quando eu estiver casado e com filhos e extraterrestres descerem no meu quintal eu não vou poder me paralisar de nervoso.
Alguns anos depois escolhi deixar aquela cidade, grato por tudo que aprendi lá, inclusive sobre os extraterrestres. Mas estando agora numa cidade muito menor, percebo as diferenças sociais presentes, que de certo modo sempre acabam me atingindo. Algumas pessoas me disseram que não sou muito comunicativo com desconhecidos. Disseram que sou objetivo demais, muito sério e não muito sociável. Não posso obrigar ninguém a entender, mas eu sempre vivi no centro de uma mega-cidade, não morei no subúrbio, morava num lugar onde não sabemos o nome do vizinho, nem a cara dele. Pessoas desconhecidas não trocam muitas palavras, pois você não sabe se ela vai ameaçar sua vida em 2 minutos.
Eu não faço o perfil de quem gosta de morar no subúrbio, conversar com os vizinhos e ir à padaria de Havaianas. Odeio andar devagar na rua, fazer as coisas devagar e esperar. Eu gosto de morar em apartamento, em áreas urbanas, e não gosto de conversar muito com quem não conheço, principalmente com homem. Por tudo isso me considero um Anti-Social. São todas as características de alguém que vai morrer cedo.
Será que um dia vou casar? Deve existir alguma mulher que não quer viver no subúrbio.

03/05/2007

Guinness Para Vencedores


Sempre soube que os irlandeses estão para cerveja como nós estamos para o futebol. Péssimo exemplo, melhor dizer “como os japoneses estão para o sushi”. Sempre foi uma das minhas grandes curiosidades (junto a outras como: “Deus é aquele cara que eu vi no quarteirão de baixo?” e “porque as Spice Girls falam meu nome no meio de uma música?”) saber o gosto da cerveja irlandesa.
Semana passada, andando pelo mercado Pão de Açúcar, enquanto procurava a cerveja Heinneken para abastecer minha geladeira (apenas porque ela é menos amarga e com isso, tragável) , avistei ao horizonte no topo das prateleiras, uma majestosa lata preta de 440ml com os dizeres impressos em letras garrafais e em negrito “Guinness” e mais embaixo “Serve Extra Cold”. Vi ali minha grande chance de realizar um dos meus grandes feitos desta vida tão peculiarmente tortuosa e chata, e me apossando dela senti meus punhos se tornarem fortes. Logo após este sentimento de força veio a repetina fraqueza ao avistar o preço de tal beleza material, R$ 9,95. Uma lágrima de decepção correu pelo meu rosto, juntando-se a lágrima de alegria que acabara de escorrer.
Seguindo uma minuciosa subtração feita de cabeça, me vi na possibilidade de levar 1 lata de Guinness, na condição financeira de deixar para trás 10 das 12 garrafas de Heinneken que havia pegado na prateleira de baixo, minutos antes.
Dias depois, tendo a brilhante e viva lata repousado na gaveta de baixo do congelador da antipática geladeira do meu apartamento, vi uma boa oportunidade de leva-la garganta abaixo. Isso veio num dia que eu sentia que poderia me embriagar e comprar um velho navio, para dentro colocar outros bêbados e um cão fedorento vira-latas que vi perambulando naquela manha numa esquina sem-graça da cidade. Sentia a decepção por ter não dois barris de 20 litros de cerveja irlandesa, e sim uma lata com apenas 440ml, onde seria difícil me embriagar nela. A não ser que eu a completasse com um pouco do álcool que havia na lavanderia, mas isso ficaria para uma futura oportunidade de auto-depreciação.
A primeira revelação foi a consistência do liquido que havia dentro da lata. Como na lata dizia “Pour Into a Glass” (meus conhecimentos lingüísticos diziam que significava “Servir Em Um Copo de Vidro”), tratei de entornar a cerveja num copo de vidro, como a lata me ordenava. Minha primeira impressão foi que essa cerveja mais parecia um daqueles sorvetes que você joga Coca-Cola em cima, mais conhecidos como Vaca-Preta. Depois que a espuma amarronzada baixou, me veio na lembrança não mais a Vaca-Preta, e sim o chocolate-quente que minha mãe fazia nos dias de intenso e detestável frio que fazia nas noites de Julho em meados dos anos 90. Mas o gosto não se assemelhava em nada ao chocolate-quente dos anos 90, era mais algo estranhamente novo. Nunca na minha vida tomei uma cerveja tão forte, puta qui pariu!
Mas digo que ela é única, não consegui ainda dizer se é boa ou ruim. Acho que se eu tomar mais umas dez poderei responder com a maior certeza deste mundo acalorado. Como ela é um pouco cara, peço a quem leia isto, algum amigo de copos, sejam de álcool ou refrigerentescos ou simplesmentes aguados, que façam uma boa ajuda para eu poder comprar mais Guinness e assim determinar minha convicta posição sobre o gosto de tal lenda dos pubs irlandeses. O numero da minha conta é 30623-1 agencia 1914-3 do banco Bradesco. Deus o devolva em boa hora de necessidade gástrica.
Grato!

Three Chords and The Thruth




Nas últimas semanas, sempre que estava sem fazer nada em casa me batia uma vontade de tocar violão. Talvez porque por toda minha vida estive habituado a ter por perto muitos instrumentos musicais, pelo fato dos meus pais serem músicos. Ter a falta daquilo incomodava.
No começo desta semana recebi a merecido salário, depois dar duro o mês todo agüentando todo tipo de panacas no trabalho. Dando uma volta numa fervorosa, porém nada agradável, avenida da cidade, passei por uma loja de instrumentos musicais. Como não sou de acreditar em coincidências, entrei e poucos minutos depois saí com um violão em punho.
Achei ele até bem estilizado, não sei porque mas foi exatamente ele que me chamou a atenção dentre tantos outros. Talvez porque fosse o mais barato.
Mas ao final do dia, já em casa, pude experimentar outro sentimento além do prazer de escutar os sons do vibrar das cordas de aço. Esse sentimento foi a lembrança que reviveu em minha mente no mesmo instante, trazendo consigo a afirmação que não toco porra nenhuma. Isso eu tinha esquecido com o passar destes conturbados anos sem-violão.Bom, como segui teimosamente o curso de violão em 1998, cheguei a aprender 5 ou 6 acordes. Estes me vêm sendo de grande utilidade, já que me permitem tocar apenas musicas ridiculamente fáceis.