09/05/2007

Canoa Furada!


Sou sincero, não sei nadar. Nem sei ao menos boiar. Isso já trouxe conseqüências bem ruins, a meu ver. Significa que quase me afoguei diversas vezes. E não é por falta de vontade que nunca aprendia nadar, já tentei muitas e muitas vezes aprender e muitas pessoas tentaram me ensinar. Quando eu tinha mais ou menos oito anos de idade meus pais me colocaram numa escola de natação com o objetivo de me submeter ao primeiro de vários estágios para eu aprender a sobreviver sozinho (do quais foram necessários dez anos depois). Foi uma grande frustração a ambos, pois eu nunca consegui aprender, não largava a boinha de colocar no braço por nada. Se não fosse constrangedor eu as usaria até hoje. Naquela mesma época, eu costumava assistir filmes de piratas com meu avô durante as tardes. Eu adorava aquilo, devia ser emocionante ser um navegador sujo e alcoólatra que brigava em bares e era chamado de verme em público. Mas o prazer maior seria navegar, com aquele sentimento de liberdade a bordo. Era isso que eu queria, ingenuamente, ser. Imaginava que se não conseguisse atingir meu megalomaníaco objetivo de vida, que era ser John Lennon, então eu teria um barco e não faria outra coisa na vida a não ser navegar.
O tempo passa e você percebe que não é tão fácil alcançar estes planos insanos de infância, então acabei trabalhando para operadoras de celular. Que maravilha. Mas é estranho como às vezes, quando estou enrolando na minha mesa fingindo que estou trabalhando, me pego admirando o horizonte e sentindo o vento numa praia apenas esperando embarcar. Então sou interrompido por alguém querendo comprar recarga para um celular velho. Eu não sei o que me atrai tanto a isso, talvez seja o puro sentimento de liberdade, algo que eu tanto prezo nesta vida e sei que é uma das coisas que mais nos é ausente. Eu acredito que se fosse fácil irmos de um país a outro neste mundo, seríamos pessoas imensamente mais felizes. Talvez eu tenha um problema com essa coisa de ficar muito tempo no mesmo lugar, pra mim fazer isso é o mesmo que estar preso. Estando um ano nesta cidade eu já estava ficando maluco pra ir para outra. Se não pudesse sair pelo mundo afora navegando, queria subir numa moto e sair rodando América acima. E a parte irônica disto é que eu não sou muito adepto a motos, acredito que numa única queda você pode ganhar uma passagem de ida pro andar de cima. E também sei que se cair no mar é um abraço, pois sei nadar tão bem quanto um tijolo.
Mas seja navegando num barco, pilotando uma moto ou voando num OVNI, acredito que todos deviam buscar dentro de si o rumo á liberdade. Não se acomode com sua vida, não aceite o suficiente. Não existe “o suficiente”, isso é o mesmo que “o limite” e para o coração humano não existe limite.
Cá abaixo, uma música que me faz lembrar um pouco desta liberdade que se remete em desejo.

“Feche a porta, o sol vai se por.
Acenda o fogo, não deixe o frio entrar.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.
.
Encontrarei um barco pra tomar conta
Cheio de esperança pelo passo que darei.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.
.
Passei muito tempo ouvindo o capitão do mar,
Gritando ordens a tripulação; Ninguém escutava além de mim.
.
Navegando, sem um nó amarrado.
Levantando a vela, vento forte vem chegando.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.
.
Feche a porta, o sol vai se por.
Acenda o fogo, não deixe o frio entrar.
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida
Vou tentar navegar pra longe do resto da minha vida.”

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