03/05/2007

Guinness Para Vencedores


Sempre soube que os irlandeses estão para cerveja como nós estamos para o futebol. Péssimo exemplo, melhor dizer “como os japoneses estão para o sushi”. Sempre foi uma das minhas grandes curiosidades (junto a outras como: “Deus é aquele cara que eu vi no quarteirão de baixo?” e “porque as Spice Girls falam meu nome no meio de uma música?”) saber o gosto da cerveja irlandesa.
Semana passada, andando pelo mercado Pão de Açúcar, enquanto procurava a cerveja Heinneken para abastecer minha geladeira (apenas porque ela é menos amarga e com isso, tragável) , avistei ao horizonte no topo das prateleiras, uma majestosa lata preta de 440ml com os dizeres impressos em letras garrafais e em negrito “Guinness” e mais embaixo “Serve Extra Cold”. Vi ali minha grande chance de realizar um dos meus grandes feitos desta vida tão peculiarmente tortuosa e chata, e me apossando dela senti meus punhos se tornarem fortes. Logo após este sentimento de força veio a repetina fraqueza ao avistar o preço de tal beleza material, R$ 9,95. Uma lágrima de decepção correu pelo meu rosto, juntando-se a lágrima de alegria que acabara de escorrer.
Seguindo uma minuciosa subtração feita de cabeça, me vi na possibilidade de levar 1 lata de Guinness, na condição financeira de deixar para trás 10 das 12 garrafas de Heinneken que havia pegado na prateleira de baixo, minutos antes.
Dias depois, tendo a brilhante e viva lata repousado na gaveta de baixo do congelador da antipática geladeira do meu apartamento, vi uma boa oportunidade de leva-la garganta abaixo. Isso veio num dia que eu sentia que poderia me embriagar e comprar um velho navio, para dentro colocar outros bêbados e um cão fedorento vira-latas que vi perambulando naquela manha numa esquina sem-graça da cidade. Sentia a decepção por ter não dois barris de 20 litros de cerveja irlandesa, e sim uma lata com apenas 440ml, onde seria difícil me embriagar nela. A não ser que eu a completasse com um pouco do álcool que havia na lavanderia, mas isso ficaria para uma futura oportunidade de auto-depreciação.
A primeira revelação foi a consistência do liquido que havia dentro da lata. Como na lata dizia “Pour Into a Glass” (meus conhecimentos lingüísticos diziam que significava “Servir Em Um Copo de Vidro”), tratei de entornar a cerveja num copo de vidro, como a lata me ordenava. Minha primeira impressão foi que essa cerveja mais parecia um daqueles sorvetes que você joga Coca-Cola em cima, mais conhecidos como Vaca-Preta. Depois que a espuma amarronzada baixou, me veio na lembrança não mais a Vaca-Preta, e sim o chocolate-quente que minha mãe fazia nos dias de intenso e detestável frio que fazia nas noites de Julho em meados dos anos 90. Mas o gosto não se assemelhava em nada ao chocolate-quente dos anos 90, era mais algo estranhamente novo. Nunca na minha vida tomei uma cerveja tão forte, puta qui pariu!
Mas digo que ela é única, não consegui ainda dizer se é boa ou ruim. Acho que se eu tomar mais umas dez poderei responder com a maior certeza deste mundo acalorado. Como ela é um pouco cara, peço a quem leia isto, algum amigo de copos, sejam de álcool ou refrigerentescos ou simplesmentes aguados, que façam uma boa ajuda para eu poder comprar mais Guinness e assim determinar minha convicta posição sobre o gosto de tal lenda dos pubs irlandeses. O numero da minha conta é 30623-1 agencia 1914-3 do banco Bradesco. Deus o devolva em boa hora de necessidade gástrica.
Grato!

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