23/07/2007

Sobrevivendo


Sim, sim.. eu sei... o blog anda meio fútil e vazio ultimamente. Mas é só uma coisa momentânea, eu ando meio sem criatividade pra escrever. Devo acusar: é o trabalho. Eu gosto do meu trabalho, mas é rotineiro a ponto de querer viajar pro Iraque.
E aqui estou eu lidando com coisas que não existem no mundo real. Apenas um amigo imaginário do irmão do amigo do cara que desenha camisas dos Beatles que é vizinho da prima de um cara que trabalhou comigo na Claro. Mas enquanto a procura pelo meu apê não começa, aqui estou a habitar nos momentos de desdobramento consciente. E o melhor de tudo: não preciso pagar aluguel!

Fulano: Como foi o fim-de-semana, Julian?
Julian:
Ah, bom você ter perguntado. Eu diria que foi interessante, tive a chance de enfrentar cara a cara alguns velhos medos. Medos das mais variadas coisas numa só ocasião: insetos, floresta à noite, extraterrestres e armas. Posso até arriscar dizer que alguns destes medos foram superados. O que implicou neste enfrentamento foi uma idéia antiga e arriscada. Eu e um amigo tivemos a brilhante idéia de acampar noite adentro na Serra de Agudos, pleno inverno impetuoso e ameaçador. Chamamos mais um amigo, um dálmata hiper-ativo e meu irmão e partimos no sábado em direção a tão temida mata, carregando mochilas supridas de enlatados de feijoada e strogonoff, lanternas, miojos e coragem.
O primeiro erro não demorou a surgir: tivemos que fazer um caminho totalmente fora da rota que eu tinha traçado na minha cabeça. Isso resultou numa travessa tortuosa e íngreme serra adentro. Chegamos no topo lá pelas 18 da tarde, enquanto os outros foram buscar lenha, eu cocei a cabeça e comecei a montar a barraca, do qual se mostrou complicada pois sobraram varias peças que não descobri para que servem. Um dos primeiros aprendizados naquele dia foi sobre fogo. Eu realmente não sabia que era tão difícil fazer uma fogueira, mesmo munido de isqueiros. Na verdade temos uma boa desculpa, estava muito frio e o sereno atrapalhava a propagação do calor. De fato foi algo que levou mais templo do que o planejado, pouco mais de uma hora e uma das cenas que merecem destaque é do colega assoprando tanto na mini-fogueira que quando levantou seu cérebro entrou em Stand-by e o cidadão cai como um morto no chão. O mais desagradável não foi o sujeito ter caído bem em cima da fogueira, foi ele ter caído sob mim trazendo além da lenha quase acesa, todo seu peso. Isso resultou em mim uma dor constante no braço esquerdo que se prolongaria pelos próximos dias.
Mais tarde, já com a fogueira acesa, tivemos a chance de cozinhar pratos tipicamente atípicos, como strogonoff, numa panela improvisada sob a fogueira. O resto da noite se resumiu em ir buscar mais lenha a toda hora, perder um dos colegas inexplicavelmente e ser atacado pelo dálmata a todo momento, temendo pela minha própria vida. Eu confesso, sou um cara bem cagão, tenho medo de floresta a noite e garanto que muita gente também tem. Mas naquela noite tive até a (falta de) lucidez de ir dar uma volta de vez em quando só pra sentir como é andar no meio do nada tendo nada além das estrelas por cima e a lanterna na mão. Aliás, agradeço a lanterna por não ter pifado em nenhum momento, ou aí sim eu iria ficar paralisado de medo no escuro no meio do mato. Seria bem desagradável.
Apesar de ainda não me declarar Amigo dos Extraterrestres fiquei imaginando que seria interessante se recebêssemos esta visita inesperada do céu. Sinceramente não sei qual seria a reação dos meus amigos, mas a minha seria provavelmente tentar fazer amizade com os seres e pedir que me tirassem desse planeta esquisito. Fiquei bons momentos olhando pra cima esperando alguma atividade incomum no céu, mas não via nada além de estrelas.
Uma pena.
Dormir era um luxo numa situação como aquela. Os momentos que entrei na barraca pra tentar cochilar ou o dálmata vinha lamber minha cara ou os colegas invadiam, fugindo da chuva.
Na manhã seguinte tirei algumas fotos, juntamos as tralhas e começamos o caminho da decida, de volta a cidade. Este caminho fizemos pelo mesmo modo errado da vinda.
E a merda de fazer um caminho errado são as coisas inesperadas. E milhões destas coisas invadiram meu corpo e deixaram estas marquinhas que me fazem coçar como um cão vira-latas. Foram carrapatos, milhões deles dos quais levei o resto do meu produtivo dia em casa pra tirar. E me deram uma tremenda reação alérgica que fez aparecer bolinhas por todo o corpo. Quem olha pra mim hoje pensa que estou com catapora. Minha roupa ainda está submersa lá na área de serviço, esperando que eu decida se vou tentar lavar e eliminar os desagradáveis carrapatos ou incinerar e jogar no lixo.
A segunda opção é a mais provável.
Bom, sei que estes bichos carregam inúmeras doenças mortais aos seres humanos, então fica aqui meu registro de rejeição ao próximo convite de ir pro mato.

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