23/07/2007

Nossos Vizinhos.

Ah, nossos vizinhos! Estas criaturas únicas e pitorescas com as quais precisamos dividir, pelo menos, nossos ouvidos. E se você, como eu, mora em apartamento, sabe que a intimidade entre vizinhos geralmente extrapola o desejado.
Segundo Murphy (sim, aquele mesmo da Lei), os vizinhos sempre têm gosto musical diferenciado do seu. E como gostam de mostrar ao mundo sua preferência musical! Quanto mais barulhenta e desarmônica a melodia, maior a potência dos amplificadores e a vontade com que giram o botão do volume até o 100%.
Preste atenção: se seu vizinho ouve Legião Urbana, você muitas vezes toma conhecimento de que ele está ouvindo música. Todavia, se ele ouve Rammstein, Iron Maiden, ou qualquer outra banda destas que faz música de videogame, certamente você é testemunha auditiva de todas as vezes que ele resolveu ligar o som. Mas, se ele aprecia uma boa música, que ouve moderadamente nos domingos à tarde... Existe a empregada!
Elas passam a maior parte do dia sozinhas na casa do vizinho, trabalhando sob o som do Apocalypso, Meninões do forró, ou coisa que valha, sempre executados no volume máximo. Por isso, um dia de folga durante a semana ouvindo a música de qualidade duvidosa que sai do apartamento vizinho pode ser mais estressante que um dia de trabalho árduo.

Vizinhos recém-casados tiram qualquer um do sério! É certo: só o amor constrói. Mas tem umas moças e rapazes que pretendem construir todo um universo depois que passam a morar juntos. Não só durante toda a madrugada a gemedeira (e em alguns casos a gritaria!) são nitidamente ouvida pelos vizinhos, mas também em outros horários menos tradicionais. Eu mesmo já testemunhei um urro orgasmático durante o Jornal Hoje, enquanto a maior parte da humanidade está palitando os dentes e ouvindo inocentemente a Sandra Annenberg.

Mas pode ser pior (ou melhor)... Às vezes os vizinhos-coelhos terminam incentivando outros casais de vizinhos a aproveitarem o horário do almoço para recuperar o tempo perdido. E aí, para quem não adere à moda, é como morar num motel... Nestes casos, se você é casado, mora junto, é amancebado ou amigado, vale a antiga máxima: se não pode vencê-los... Afinal de contas, relaxar a gozar resolve até caos aéreo!
E tem também a vizinha que grita. Grita porque é meio surda ou grita porque é mal educada mesmo. Ela acorda 5:30 da manhã no domingo e começa gritando com o cachorro. Depois grita com a empregada, com o filho, com o marido, com alguém que bate à porta... Grita até no telefone, o que me faz questionar-me: pra que telefone se a pessoa do outro lado da linha ouve os gritos dela pela propagação no ar?

Eu tinha uma vizinha que gritava no melhor estilo Nair Bello, e sintia muita pena da empregada dela. Sintia pena de mim também, já que domingo seria meu único dia de real descanso, o dia que eu poderia dormir até as pestanas dos olhos grudarem com meleca de olho.
Chega a ser engraçado! Tem um amigo meu que tem uma vizinha gritadeira que me proporciona boas gargalhadas quando chama marido:

- Ô Uílamis!


Como se fosse pouco, tenho também a vizinha que já foi carinhosamente apelidado de Jardineira da Meia-noite. Isso porque todas as noites, pontualmente à zero hora, enquanto todo o prédio desfruta do silêncio sepulcral do início da madrugada, a cidadã abre a janla da sala e se põe a aguar os vazinhos de plantas que permanece na beira da janela. No primeiro dia foi engraçado, eu estava tranquilamente assistino TV quando de repente começou a chover dentro da sala. Eu, prontamente me coloquei na posição de duvidoso a respeito daquela chuva vinda numa noite sem nuvens e tendo se iniciado tão de repente. Apenas colocando minha cabeça pra fora da janela pra verificar a procedência da tal chuva pude constatar que se tratava apenas de uma certa quantidade de agua caindo gradativamente do andar de cima. Pior que o silêncio noturno só aumenta a riqueza de detalhes audíveis da conversa da jardineira com suas plantas, ou seja lá com quem ela conversa. É possível inclusive ouvir-se o novo encher de água da jarra.


Mas o que realmente me impressiona é a periodicidade e a pontualidade do “momento interação com a natureza”. Todos os dias, meia noite em ponto é a hora de eu fechar a janela pois lá vem água invadindo minha sala. É tão preciso que, quando falta energia e o relógio da TV se desprograma, acerto-o pelo horário da chuva diária...

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