24/04/2007

Temporada Aberta


Muita gente confunde esse negócio de amizades. Dão importância a coisas passageiras, porém de maior intensidade. Eu não sou contra isso, aliás sou prova viva que isso existe.
Por toda minha vida tive o que posso chamar de amigos de temporada. Tive alguns da escola no começo dos anos 90, outros 94 a 99, outros 2000 outros 2001, outros 2002-2004, outros 2005 e 2006 a 2007. E sei que isso se sucedera pelos anos seguintes, talvez em menor escala de quantidade.
Mas considerando tudo isso, outro dia me peguei pensando sobre algo de grande valia. Quando eu tinha 7 anos de idade, meu melhor amigo era o Urso, o camarada que está na foto acima. Coitado do Urso, perdia seus olhos toda semana e lá ia minha mãe costurar novos olhos feitos de botões antigos da minha bisavó. Nesta mesma época, eu estava já na escolinha, na minha ex-cidade natal, e lá eu tinha meus amigos habituais que toda criança de 7 anos tem. De todos estes amigos, hoje eu sei o paradeiro de 5 ou 6 deles. Mas tinha alguém em especial que eu me lembro bem. Engraçado que na verdade não haveria possível motivo/razão para lembrar. Isso porque poucos anos depois eu haveria de mudar de cidade deixando todo o passado e todos presentes nele para trás. Mas algo não ficou pra trás, foi a lembrança de uma garotinha japonesinha muito bonitinha, que participou de todos estes meus anos escolares iniciais, 5 ou 6 anos, sei lá.
Quando eu visitava minha ex-cidade natal, passava em frente a casa dessa garotinha e imaginava como ela estaria, mas durante aqueles anos nunca tive coragem de tocar a campainha. Sei lá porque, ia parecer muito coisa de filme, eu provavelmente iria me sentir um idiota.
Em algum mês de 2006, eu estava passando por dias bem conturbados. O mundo parecia conspirar para jogar porcaria na minha frente, eu estava na merda mesmo. Sem emprego, vendo os amigos pisarem na bola e sendo bancado pelo primo. Eu estava descendo a rua, nesta minha ex-cidade e algo me puxou, parecia magnetismo.Quando vi, já estava na esquina da casa dessa garotinha do passado, mas era algo engraçado porque haviam duas vozes e cada um me dizia uma coisa. Uma falava para ir lá, dar um oi pra ela, vocês se davam bem na infância, poderiam ser amigos agora. A outra me dizia que era estupidez, ela acharia que você é um tarado por vir atrás depois de 12 anos, isso se ela ainda morava lá. Mas a razão dizia que ela morava lá, e não havia nenhuma intenção estranha minha. Só queria conversar mesmo, dar o ar da graça e um até logo.
Não sabia que porra fazer então bati palma. Realmente fico perdido quando não encontro a campainha de uma casa! Então ela apareceu na porta e o que me veio á cabeça foi “Nossa, ela realmente não envelheceu depois de todos esses anos.” Mas era sua irmã mais nova, logo apareceu essa amiga do passado na porta.
Hoje digo uma coisa: eu já me arrependi por ter deixado de fazer muita coisa na vida, mas isso que fiz foi minha melhor decisão de 2006. Eu ganhei uma amiga, uma que já participou do passado e agora se faz tão importante no presente que jamais recuso quando ela chama pra tomar um “glub-glub”, mesmo tendo que pegar um ônibus até a cidade vizinha e depois perde-lo, como sempre.
Ela meio que se tornou uma confidente, mesmo achando isso ridículo. É, eu também acho, mas muita coisa pessoal, eu só conto a ela porque seu senso crítico e tão aguçado e realista que me coloca com os pés no chão e me faz perceber coisas sem querer. Isso eu já notei nas nossas primeiras conversas. Sabe aquela coisa de amigo imaginário? Eu sinto meio que isso, só eu vejo, só eu ouço. Dentro destes dias estranhos, onde eu estou vivendo normalmente e de repente tudo é um sonho e eu acordo, temo acordar e ver que eu ainda não fui lá na casa dela dar um “oi” depois destes 12 anos.
Mas dentro de mim, a sensibilidade que ela parece tentar esconder me fascina, e percebo nesses dias que luto para ser um amigo tão importante a ela quanto ela é para mim.Afinal, meus primeiros amigos da vida foram o Urso, que inclusive nasceu antes de mim, e essa garotinha linda, que hoje é a mulher que eu agradeço por não ter me evitado quando eu re-apareci, por perceber que eu voltei oferecendo uma amizade de homem-mulher que poucos acreditam que seja possível existir hoje em dia. Para mim essa amizade que vem se solidificando é mais importante que a somatória de todas essas amizades de temporada que já tive/tenho. Engraçado as necessidades da alma humana, ela vem em forma de jogos do destino, decisões rápidas, e quilômetros percorridos pela chuva.

2 comentários:

  1. Ainnn! "/
    Txi lindooo meninooo!
    Pááááraaa de sentimentalismo baratooo!
    Rararáááááá.
    Brincadeira! :P
    Tá querendo me fazer chorar ééé!?
    :(
    Oh negO, saiba que EU é que estaria um pouco mais vazia se não o reencontrasse.
    AMOO estar ao seu lado!!
    Obrigada pelas palavras... :)
    Beeijo*

    ResponderExcluir
  2. Ah!
    E os buracos no banheiro?
    Achou o cara da imobiliária?
    :O
    (...)
    E a moradora do banheiro?
    A Dna Aranha?!
    Raraáá.
    Tem a visto como de costume pelas manhãs?
    :P

    ResponderExcluir